quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

“O” PROBLEMA

Foram ontem publicados pelo Eurostat os números do desemprego na Europa em final de 2011: 16469 milhões de pessoas (quase o equivalente a toda a população holandesa!) e 23816 milhões de pessoas (cerca de metade da população espanhola!) registadas como sem emprego na Zona Euro e na UE-27, respetivamente; valores que correspondem a 10,4% e 9,9% das populações ativas em causa (ver acima a reprodução do mapa-síntese elaborado pelo “Financial Times” - clicar sobre ele para melhor leitura).

Outros aspetos não despiciendos a relevar são os relativos à tendência em presença (“Eurozone jobless rate at euro-era high”, titula o “Financial Times”) – aumento de quase um milhão de desempregados durante o último ano -, ao fosso assustador que se vai cavando (“Jobs data highlight gap in eurozone fortunes”, sublinha ainda o “Financial Times”) – 4,1% na Áustria, 4,9% na Holanda, 5,2% no Luxemburgo e 5,5% na Alemanha, de um lado, e 22,9% em Espanha, 19,2% na Grécia, 14,5% na Irlanda e 13,6% em Portugal, do outro – e à situação de vastas franjas sociais (“La pobreza atrapa a la clase media europea”, escreve o “El País”, ou “Europa recebe subsídio de desemprego”, simplifica a “Gazeta Wyborcza”) e, muito especialmente, dos jovens (como evidencia a manchete de hoje do nosso “Jornal de Notícias”) – entre 1 em cada 4 ou 1 em cada 5 europeus menores de 25 anos não têm trabalho, relação que ascende a 1 em cada 3 em Itália e Portugal e a quase 1 em cada 2 em Espanha e Grécia.

É bem certo estarmos perante uma questão estrutural, incontornável dirão alguns ao resultar de um inapelável processo de transição a ocorrer no capitalismo internacional e europeu (assunto a que voltarei). Mas a questão apresenta também contornos conjunturais e que, em dose que talvez ninguém saiba avaliar com rigor, serão quiçá suscetíveis de algum contrabalanço – é que o nosso tão denunciado “austeritarismo” (hoje aqui bem referenciado sob a fórmula “no growth, no jobs”) decorre de políticas erradas que agudizam, em vez de contrariarem, os efeitos económicos e sociais daquele processo. De um ou outro modo, uma questão que constitui, em última e primeira instância (consoante a perspetiva) “o” problema…

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