1. “Sem-Abrigo” (“Público”, 12 de Fevereiro, texto de Natália Faria):
“A pobreza não acontece de repente, vai corroendo a vida devagarinho.”
(ilustração de Bernardo Erlich em http://www.elpais.com).
2. “Entrevista” – Eduardo Ferro Rodrigues (“Expresso”, 11 de Fevereiro):
“Não quero personalizar, não gosto de fazer dos ‘fait-divers’ factos essenciais. Mas já não é ‘fait-divers’ o primeiro-ministro dizer que o que está a fazer, faz com convicção porque é o seu programa. Pensei que o faria por obrigação e com um nó na garganta.”
(ilustração de Fernão Campos em http://ositiodosdesenhos.blogspot.com).
“Mas o único erro de Schultz foi ter-se esquecido da China porque, de resto, não se percebe onde está a ofensa: um país que está à venda é um país em declínio – ou haverá outra maneira mais simpática de pôr a questão? Quando chegamos ao ponto de pagar 600 milhões para que um banco angolano fique com o cadáver do BPN e quando o ministro de todas as pastas, Miguel Relvas, monta um ‘show’ privado da televisão pública em Luanda, ao serviço dos negócios que ele patrocina (em nome do interesse pátrio), estamos a falar de quê?
(ilustração de Fernão Campos em http://ositiodosdesenhos.blogspot.com).
4. “A nova luta de classes” – José Pacheco Pereira (“Público”, 11 de Fevereiro):
“O país divide-se assim entre funcionários públicos, vivendo do erário público, acima das suas posses, e fazendo tudo para ter feriados e não trabalhar (os ‘preguiçosos’), cultivando um egoísmo social assente em pretensos ‘direitos adquiridos’ (‘autocentrados’); e jovens ‘yuppies’, dinâmicos e empreendedores, com uma ‘cultura empresarial’, capazes de correrem riscos (‘competitivos’), sem cuidarem de ter ‘direitos’ para subirem ‘por mérito’ na escala social (‘descomplexados’). Nem uns nem outros existem na vida real, nem sequer como caricaturas, que é o que isto é, mas isso pouco importa.
A História está cheia destes dualismos, velhos como o tempo, mas típicos da linguagem abastardada do poder dos nossos dias. É um esquema assente numa mistura de demonização e de ‘wishful thinking’, que circula assente num moralismo social, também típico dos dias que passam. A História revela o poder destrutivo deste tipo de discursos, que se tornam, de um momento para o outro, socialmente insuportáveis.
Esse momento ainda não se deu, e os papagaios do ‘pensamento único’ repetem este discurso sem pararem para pensar.”
(ilustração de El Roto em http://www.elpais.com).
5. “O futuro dura muito tempo” – Vasco Pulido Valente (“Público”, 11 de Fevereiro):
“Se alguém julga que em 2013 ou 14 ou 15, voltaremos como sempre ao jogo de salão com o PSD, o PS, o CDS e o Bloco, bramindo inanidades por S. Bento e dividindo votos, não percebeu nada do que está a suceder. O putativo prestígio de Cavaco não vale hoje nada. O cidadão comum despreza imparcialmente os partidos. Cada escândalo, cada dívida, cada falcatrua do Estado e adjacências enfraquece o regime. No fim, não sobrará nada. Excepto a mudança. Não a mudança retórica do costume, uma verdadeira mudança: de homens, de partidos, de regras. Provavelmente, lenta e gradual. Mas deliberada e certa.”
(ilustração de El Roto em http://www.elpais.com).
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