domingo, 12 de fevereiro de 2012

VADA A BORDO, CAZZO!!

O artigo desta semana de Wolfgang Munchau no “Financial Times” (“Germany: A Bric, or just stuck in a hard place?”, http://www.ft.com/intl/cms/s/0/63336a04-4e65-11e1-aa0b-00144feabdc0.html?ftcamp=rss&ftcamp=crm/email/201225/nbe/InTodaysFT/product#axzz1m62MkgAH) não acrescenta argumentos particularmente novos em relação à chamada “questão alemã”, ou seja, quanto ao papel e ao lugar da Alemanha na União Europeia, na Zona Euro e na Economia Mundial. Mas coloca-a sob a forma original de uma “nova variante” ao formular e glosar a imaginativa hipótese, cuja maternidade atribui a Ulrike Guerot, da “Alemanha como um BRIC”: “deverá a Alemanha afastar-se da Zona Euro e tornar-se um Bric – um poder económico global de média dimensão, como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, cujas iniciais constituem o acrónimo Bric?”.

A referida hipótese tem os seus fundamentos no pressuposto de que “com a reunificação, a Alemanha se tornou demasiado grande para ser um Estado europeu normal, embora não suficientemente grande para ser uma super-potência”. Mas ela acaba por resultar completamente desconstruída (“it is not going to work”) ao longo de um texto em que se refere “a obsessão da Alemanha com a competitividade como uma das causas profundas da crise da Zona Euro”, o “sentimento de uma Alemanha à deriva”, os alemães como “não preparados para pagar o preço da liderança”, uma Alemanha cuja atual força assenta muito numa taxa de câmbio real desvalorizada, um novo D-Mark em livre flutuação como indo acabar por “erradicar os ganhos da última década” e a Alemanha como tendo sempre sido “um dos principais beneficiários do Mercado Único Europeu”. Terminando com uma conclusão quase lapalissiana: “a Alemanha é um país europeu muito antigo e rico com uma população em declínio – o oposto total de um Bric”.

Afastada tão alegadamente promissora possibilidade, só restará mesmo aos teutões a alternativa de estarem/ficarem amarrados a um lugar difícil? Até que ponto será válida a irónica extensão a Merkel, pelo cartoonista Benny (no berlusconiano “Il Libero”,
www.libero.it), do chamamento em título com que a guarda costeira italiana brindou o capitão do malogrado “Costa Concordia”?

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