domingo, 12 de fevereiro de 2012

O VEREDICTO?

Longe estava eu de imaginar, quando recorri ao último artigo de Wolfgang Munchau no post “Vada a bordo, cazzo!!” de ontem, que o homem voltaria a reclamar tão rapidamente a minha atenção. Com a agravante de o fazer pelas más razões que decorrem do seu artigo colocado “on-line” há menos de uma hora (“Why Greece and Portugal ought to go bankrupt”, http://www.ft.com/cms/s/0/57485f60-540a-11e1-8d12-00144feabdc0.html#ixzz1mC3SlKvi). Cito a passagem que mais diretamente nos toca: “Alguns dizem que seria melhor forçar a Grécia para fora da Zona Euro já e usar os fundos para salvar Portugal. Eu discordo. Pessoalmente acredito que será melhor reconhecer o estado desolador de ambos os países, deixar ambos entrarem em 'default' dentro da união monetária e utilizar então um fundo de resgate suficientemente aumentado para os ajudar a reconstruirem-se e a proteger o resto ao mesmo tempo.”

Sabíamos que a negociação em torno do perdão parcial da dívida grega tinha aberto um período de razoável acalmia nos mercados, ocupados estes com o acompanhamento daquelas e com a preparação de respostas adequadas ao resultado a alcançar. Sabíamos que os grandes bancos envolvidos na negociação (sobretudo alemães, também franceses?) já tinham sido objeto de recapitalizações nacionais generosas e que o BCE e as restantes entidades públicas estariam em apuros para conseguirem evitar perdas significativas associadas ao reivindicado alastramento de um perdão privado para um perdão geral. Sabíamos que a finalização do acordo com a Grécia iria ter como consequência uma nova iniciativa dos mercados, agora comandada pelos titulares de “credit default swaps” interessados em fazer a Grécia transitar do perdão para o incumprimento para poderem acionar o respetivo seguro. Sabíamos, pois, que os riscos estavam por perto…

E não sabíamos que o triste “calvário grego”, a que alude o António Figueiredo no post anterior e acima ilustrado por Manu em http://www.bonkersworld.net, estava infelizmente longe de ser um cenário de ficção! E não sabíamos que a inteligente tática do “Portugal não é a Grécia” e de cumprirmos “custe o que custar” (“exceto por condicionantes externas”…) ficaria tão rapidamente exposta aos gritos de “o rei vai nu” que imperam nos areópagos europeus e nos mercados internacionais! E não sabíamos que uma larga franja dos nossos amigos europeus já tinha desistido da Grécia e que Portugal estaria na calha como o próximo alvo dos mercados, conforme o “Wall Street Journal” atempadamente anunciara!

Quanto ao “firewall”, não tenhamos também ilusões: ele não irá nunca ser tão “suficientemente aumentado” como Munchau sugere que seria necessário…

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