Sob o tema do “gato escondido com rabo de fora” gostaria
de abrir este post com uma fotografia sugestiva de Vítor Oliveira Jorge, mas a
questão dos direitos de autor leva-me antes a sugerir a visita do site do autor e a optar por outra imagem.
Mas a metáfora do gato escondido tem que ver com o meu
post “É sensato escolher bem os afilhados”, profundamente visitado, o que me
apraz registar, e que sugeria que a entrevista ao Público de Rogério Gomes,
Presidente do recém-criado Instituto do Território, ocultava provavelmente um
recado exploratório, para testar o ambiente no terreno dos media. Outros comentários
viram também nessa entrevista a ideia escondida de extinção das CCDR, que
talvez circule na mente de alguns decisores, ávidos por apresentar obra feita,
que não se tem visto, em matéria de reorganização administrativa do Estado.
Ora o puzzle vai-se descobrindo. Não é propriamente que
Pedro Santana Lopes (PSL) esteja hoje nos corredores do poder. Mas faz parte do
processo. É acólito para ajudar à missa ou fazer parte do coro. Na rubrica “Equinócios e Solstícios” do Sol de 17.02.2012, PSL assina
uma croniqueta designada de “Autoridade – Dar o exemplo extinguindo as CCDR”
que veicula preto no branco a ideia de extinção das referidas extinções,
comparando-as ao caso dos Governos Civis. A argumentação é simplesmente
indigente do ponto de vista conceptual, mas a sua desastrada passagem pelo poder
já nos habituou a esperar que dali saia o mais inesperado, ou seja, ideias com
a consistência de quem prepara as torradas da manhã ou de quem tem um lampejo
lendo um jornal gratuito no metropolitano. Exemplo: “(…) O atual estado do
território em Portugal com os desequilíbrios que nele se verificam é a melhor
prova do falhanço total do modelo de desenvolvimento regional protagonizado por
essas comissões”. Confusão indiscriminada de ideias, misturando causas e
efeitos e não fazendo a mínima ideia dos fatores que estão na base de alguma
desvalorização do papel das CCDR. Esta inconsistência leviana de ideias,
misturada com o argumento dos que esperam ávidos a extinção da carga
regulamentar do ordenamento do território (as CCDR complicam, entopem o
licenciamento, etc.), anuncia o frenesim que correrá por certas cabeças.
Sem menosprezo pelas personalidades recentemente
indicadas para as novas direções das CCDR, os folhetins divulgados e de
bastidores que rodearam essas nomeações e a “vasta e inequívoca ligação dos indigitados
à questão regional” (ironizo, claro) anunciam algo de similar a nomeações
liquidatárias. Continuo curioso em saber como reagirão os nossos “senadores” (já
aqui citados em post anterior) das questões do ordenamento do território e do desenvolvimento
regional a toda esta leviandade ao serviço da negação da questão regional. Ou
será que estão demasiado embrenhados nas suas próprias coisas, esperando o
chamado espalhanço da ousadia inconsistente?
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