segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

AFINAL SEMPRE HAVIA GATO ESCONDIDO …



Sob o tema do “gato escondido com rabo de fora” gostaria de abrir este post com uma fotografia sugestiva de Vítor Oliveira Jorge, mas a questão dos direitos de autor leva-me antes a sugerir a visita do site do autor e a optar por outra imagem.
Mas a metáfora do gato escondido tem que ver com o meu post “É sensato escolher bem os afilhados”, profundamente visitado, o que me apraz registar, e que sugeria que a entrevista ao Público de Rogério Gomes, Presidente do recém-criado Instituto do Território, ocultava provavelmente um recado exploratório, para testar o ambiente no terreno dos media. Outros comentários viram também nessa entrevista a ideia escondida de extinção das CCDR, que talvez circule na mente de alguns decisores, ávidos por apresentar obra feita, que não se tem visto, em matéria de reorganização administrativa do Estado.
Ora o puzzle vai-se descobrindo. Não é propriamente que Pedro Santana Lopes (PSL) esteja hoje nos corredores do poder. Mas faz parte do processo. É acólito para ajudar à missa ou fazer parte do coro. Na rubrica “Equinócios e Solstícios” do Sol de 17.02.2012, PSL assina uma croniqueta designada de “Autoridade – Dar o exemplo extinguindo as CCDR” que veicula preto no branco a ideia de extinção das referidas extinções, comparando-as ao caso dos Governos Civis. A argumentação é simplesmente indigente do ponto de vista conceptual, mas a sua desastrada passagem pelo poder já nos habituou a esperar que dali saia o mais inesperado, ou seja, ideias com a consistência de quem prepara as torradas da manhã ou de quem tem um lampejo lendo um jornal gratuito no metropolitano. Exemplo: “(…) O atual estado do território em Portugal com os desequilíbrios que nele se verificam é a melhor prova do falhanço total do modelo de desenvolvimento regional protagonizado por essas comissões”. Confusão indiscriminada de ideias, misturando causas e efeitos e não fazendo a mínima ideia dos fatores que estão na base de alguma desvalorização do papel das CCDR. Esta inconsistência leviana de ideias, misturada com o argumento dos que esperam ávidos a extinção da carga regulamentar do ordenamento do território (as CCDR complicam, entopem o licenciamento, etc.), anuncia o frenesim que correrá por certas cabeças.
Sem menosprezo pelas personalidades recentemente indicadas para as novas direções das CCDR, os folhetins divulgados e de bastidores que rodearam essas nomeações e a “vasta e inequívoca ligação dos indigitados à questão regional” (ironizo, claro) anunciam algo de similar a nomeações liquidatárias. Continuo curioso em saber como reagirão os nossos “senadores” (já aqui citados em post anterior) das questões do ordenamento do território e do desenvolvimento regional a toda esta leviandade ao serviço da negação da questão regional. Ou será que estão demasiado embrenhados nas suas próprias coisas, esperando o chamado espalhanço da ousadia inconsistente?

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