A Comissão Europeia iniciou recentemente
(Fevereiro 2012), com a publicação dos primeiros materiais e relatórios, mais
um processo de controlo (?) da evolução macroeconómica dos países. Chama-se “Mecanismo
de Alerta” (dos desequilíbrios macroeconómicos) e tem a vantagem de sistematizar
informação estatística relevante comparativa sobre os países da UE. O quadro de
bordo estatístico reunido para esse efeito (Macroeconomic Imbalance Procedure (MIP)
Scoreboard), passa a constituir um instrumento de trabalho
que vale a pena seguir com regularidade.
Uma das vantagens do Scoreboard disponibilizado
é permitir a consulta de diferentes indicadores sobre a competitividade dos países.
Assim, para além dos já aqui referidos indicadores sobre a evolução do custo
unitário de trabalho, é publicada informação sobre a evolução da quota mundial
que cabe ao país nas exportações mundiais, que constitui um indicador de
resultado dessa competitividade.
Rebecca Wilder no The Wilder Review refere-se
a um indicador de construção simples que permite uma leitura sugestiva da
competitividade como resultado. Para um conjunto de 12 países sob vigilância
macroeconómica, compara-se a quota nas exportações mundiais do país avaliada em
percentagem da quota das exportações mundiais do grupo dos 12 com a quota de
população que o mesmo país representa no mesmo grupo dos 12. O país é
considerado competitivo se esse indicador é superior a 1, refletindo que a
quota de exportação supera a do peso demográfico. Simples e direto conforme
convém neste tipo de informação.
O gráfico que abre este post revela a posição
desfavorável de Portugal. No grupo dos 12, Portugal tem a companhia da Espanha,
Itália, Grécia e, com alguma surpresa ou talvez não, a França. A Irlanda destaca-se
pela positiva e evidencia que no conjunto dos países atingidos pela dívida
soberana tem um potencial de exportação que não tem paralelo nos restantes. Apesar
disso, a recuperação do crescimento económico irlandês está longe de
corresponder a essa base de partida aparentemente mais favorável.
A situação portuguesa pode ser explicada pela
sistemática perda de quota nas exportações mundiais que se tem verificado nos últimos
anos. O gráfico abaixo descreve as taxas de variação (média de 5 anos) a quota das exportações
portuguesas nas exportações mundiais e conforme é visível têm sido
sistematicamente negativas. Como é compreensível, essas quedas foram mais
fortes a partir do eclodir da crise mundial (2008). Mais uma evidência que
existe de facto um problema de competitividade e que esse problema se agravou
com a crise internacional.
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