domingo, 26 de fevereiro de 2012

EMPRESÁRIOS GREGOS ASSUMEM-SE



Na antecâmara das decisões sobre a aprovação do segundo resgate financeiro à economia grega, a União Europeia está sob forte pressão, a partir de várias origens.
A mais curiosa vem de publicidade paga por um grupo de empresários gregos e publicada nos principais jornais económicos sob o título “Deem uma oportunidade à Grécia”. Segundo o FT, o grupo que se autodesigna de “A Grécia está a mudar” tem como estratega de marketing Peter Economides, conhecido por ter dirigido a campanha da Apple “Pense diferente” em 1997. A curiosidade está no facto da classe empresarial grega até aqui ter passado despercebida das tomadas de decisão públicas, provavelmente atuando ao nível dos bastidores. Esta tomada de decisão e os termos em que é proferida anuncia um posicionamento diferente, a que não é alheia a presença de outras forças de pressão sobre a decisão no Eurogrupo.
A primeira fonte de pressão provém da própria pressão sobre o FMI para manter e não aumentar o seu nível de envolvimento atual na crise das dívidas soberanas. Esta pressão indireta sobre o FMI traduz principalmente a emergência de uma nova relação de forças no interior da instituição, com as economias emergentes a pretenderem assumir uma posição que, neste momento, a influência europeia tem conseguido controlar, mas não por muito tempo. Tudo isto se passa nas vésperas de reunião do G20, que procura falar para dentro da instituição FMI e pressionar as instituições europeias a assumir as suas próprias responsabilidades, reforçando entre coisas a dimensão do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Tudo isto faz também parte de uma longa transição para uma nova ordem económica internacional (por vezes o fora de moda volta a ser in), na qual a União Europeia tem feito tudo para se desacreditar e perder peso e influência.
Sob este ambiente de pressão acrescida sobre as instituições europeias, temos posições de toda a natureza, revelando que mesmo ao nível do G20 a diversidade de posições anuncia uma peculiar forma de governação mundial. Destaco neste contexto a posição já por várias vezes sublinhada neste blogue de que a carência de criação de crédito é uma ameaça ao crescimento global, assumida pelo Institut of International Finance que federa os maiores bancos mundiais.

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