Na antecâmara das decisões sobre a aprovação
do segundo resgate financeiro à economia grega, a União Europeia está sob forte
pressão, a partir de várias origens.
A mais curiosa vem de publicidade paga por um
grupo de empresários gregos e publicada nos principais jornais económicos sob o
título “Deem uma oportunidade à Grécia”. Segundo o FT, o grupo que se autodesigna de “A Grécia está a mudar” tem como estratega de marketing Peter Economides,
conhecido por ter dirigido a campanha da Apple “Pense diferente” em 1997. A
curiosidade está no facto da classe empresarial grega até aqui ter passado
despercebida das tomadas de decisão públicas, provavelmente atuando ao nível
dos bastidores. Esta tomada de decisão e os termos em que é proferida anuncia
um posicionamento diferente, a que não é alheia a presença de outras forças de
pressão sobre a decisão no Eurogrupo.
A primeira fonte de pressão provém da própria
pressão sobre o FMI para manter e não aumentar o seu nível de envolvimento
atual na crise das dívidas soberanas. Esta pressão indireta sobre o FMI traduz principalmente
a emergência de uma nova relação de forças no interior da instituição, com as
economias emergentes a pretenderem assumir uma posição que, neste momento, a
influência europeia tem conseguido controlar, mas não por muito tempo. Tudo
isto se passa nas vésperas de reunião do G20, que procura falar para dentro da
instituição FMI e pressionar as instituições europeias a assumir as suas próprias
responsabilidades, reforçando entre coisas a dimensão do Mecanismo Europeu de
Estabilidade. Tudo isto faz também parte de uma longa transição para uma nova
ordem económica internacional (por vezes o fora de moda volta a ser in), na qual a União Europeia tem feito
tudo para se desacreditar e perder peso e influência.
Sob este ambiente de pressão acrescida sobre
as instituições europeias, temos posições de toda a natureza, revelando que
mesmo ao nível do G20 a diversidade de posições anuncia uma peculiar forma de
governação mundial. Destaco neste contexto a posição já por várias vezes
sublinhada neste blogue de que a carência de criação de crédito é uma ameaça ao
crescimento global, assumida pelo Institut of International Finance que federa
os maiores bancos mundiais.
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