segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

MARCELO, ANÍBAL E JORGE

Santa inocência, a minha! Só esta manhã percebi, pela pena de um velho amigo (Jorge Fiel, acima retratado nos termos do “eu ao espelho” que o próprio escolheu para tal no seu blogue http://lavandaria.blogs.sapo.pt) no desde ontem renovado “Jornal de Notícias”, porque terá ontem Marcelo Rebelo de Sousa dedicado sete minutos do seu comentário no “Jornal das 8” da TVI à “situação de Cavaco” (acima visto pelo “Cartoon do António” de 30 de Outubro de 2010, em http://aeiou.expresso.ptmais-cavaquismo-mariismo=f617606) e a disparar sobre tudo quanto possa mexer com o assunto. E assim nasce mais uma trilogia inesperada e improvável…

Escreve Fiel, designadamente: “E o que diz o rumor? Que em Belém, no mais rigoroso sigilo, está a ser equacionado o cenário da resignação de um presidente fragilizado pela vaia em Guimarães e uma infeliz sucessão de gafes, distante do primeiro-ministro do seu partido, amargurado pela exposição pública das fraquezas s delitos do pessoal político de que se rodeou (Oliveira Costa, Isaltino Morais, Duarte Lima, etc.) e com a sombra do BPN a afetar-lhe a imagem.” Para concluir: “O futuro se encarregará de provar se se trata de um rumor fundamentado ou apenas de um boato – de que muito dificilmente Marcelo Rebelo de Sousa se livrará da fama de ter sido um dos seus vetores, na medida em que seria ele o mais beneficiado, por poder assumir uma candidatura a Belém com Durão ‘preso’ em Bruxelas. Nos romances policiais e na presença de um rumor, a primeira pergunta que se faz para tentar descobrir o autor é responder à pergunta: a quem ele aproveita?”

E que dissera, afinal, Marcelo (acima representado pelo Professor Martelo da saudosa “Contra-Informação”)? Pelo sim, pelo não – quem sabe se o tema também poderá vir a merecer memória futura? –, abaixo segue uma longa e bem curiosa transcrição.

“Eu acho que, nos últimos tempos – fruto de comportamentos de Cavaco mas fruto de coisas que ultrapassam os seus comportamentos –, entrou-se num novo desporto nacional que é “tiro ao Cavaco”. Na última semana, o PCP que é muito institucional e normalmente nunca atacava o Presidente da República, entrou a atacar o Presidente da República. A CGTP passou a atacá-lo claramente. E portanto, à esquerda do Governo os ataques – exceto o PS, que é cuidadoso nisso – têm um objetivo ou, digamos, têm uma justificação que é, portanto, ele está a cobrir o Governo, portanto ele é tão mau como o Governo, está a cobrir o acordo do Troika, tem que levar na touca. Bom, à direita também esta semana, surpreendentemente, pessoas várias da área do Governo – mais ou menos relevantes, mais ou menos importantes – bateram no Presidente da República: ‘uma desilusão, está a ser uma surpresa negativa, está a perder credibilidade…; e até lhe devo dizer, num tom mais levezinho, no que resta de tias de Cascais – que é um setor em vias de extinção acelerada – a moda é ‘tiro ao Cavaco’: ‘porque o homem não apoia suficientemente Passos Coelho, porque não controla os cavaquistas que de vez em quando aparecem anonimamente a atacar Passos Coelho, porque não se pronuncia, porque isto, porque aquilo, porque aqueloutro’.
Bem, e depois somam-se aqueles argumentos que já vinham da campanha eleitoral: BPN, o caso do conselheiro Dias Loureiro, mais agora o caso das pensões. Bom, eu acho que esta moda de ‘tiro ao Cavaco’, no fundo é tiro ao Presidente da República, é uma má moda e acho uma
moda perigosa. Primeiro lugar, porque o Presidente da República não é um líder partidário e é e deve ser um fator de unidade e, portanto, o transportar o tipo de ataques que são habituais entre o Governo e a Oposição para o Presidente da República significa retirar-lhe o espaço para ele ser um traço de união e não de divisão. Segundo lugar, porque externamente é ele que representa a soberania de Estado, externa e internamente é a figura suprema do poder político e do Estado e, portanto, isso debilita, num momento de crise em que temos de ter internamente e externamente o que representa o Estado prestigiado e credibilizado, debilita esse prestígio e essa credibilidade. Terceiro lugar, porque faltam muitas eleições daqui até ao fim do mandato presidencial – Autárquicas, Europeias e Legislativas; e se há uma crise política? Deus queira que não haja, mas se há, que ele tenha de resolver? Então ele chega lá desfeito, um Presidente desfeito tem espaço de manobra para poder verdadeiramente intervir politicamente? (…) Portanto, a todos os títulos, quem está nesse jogo de ‘tiro ao Cavaco’ e os cavaquistas anónimos que também colaboram nisso, como eu tive ocasião de apontar, acabam por estar a atingir não Cavaco Silva mas o Presidente da República, mas o Estado Português, mas aquilo que resta num momento em que a credibilidade das instituições está como sabemos. (…) O que resta – de fusível de segurança, de elemento de referência – é uma coisa que as pessoas têm de pensar.
É evidente que isto parte também da ajuda do próprio Presidente, o próprio Presidente, como eu disse na ocasião, tem de ter algum cuidado em termos de intervenções que saíram ao lado, para a bancada, como foi o caso das pensões. Saiu, e a meu ver há de encontrar uma oportunidade para explicar melhor o que queria dizer e reatar um laço afetivo com os portugueses, não se pode correr o risco de ele descolar afetivamente dos portugueses. Bem, portanto, o Presidente – ao controlar os cavaquistas anónimos ou não anónimos ou a ter, e muito bem, a intervenção que teve na Finlândia a defender Portugal e a defender a nossa posição em termos de Europa – deve por ele facilitar as coisas para que isto não suceda, o ‘tiro a Cavaco’. Mas depois têm que ser os líderes partidários, os líderes sindicais, os líderes patronais a também não caírem nisso, os que já são políticos hoje e os que não são mas querem ser, eu dou um exemplo: por exemplo, o eterno candidato a candidato a Presidente da República em 2016, o Presidente da Comissão Europeia, que obviamente está legitimamente em pré-campanha eleitoral tem de chamar os seus pupilos, os seus apoiantes e porta-vozes que lá decidem e dizer: ‘vocês não batam no Cavaco, vocês estão a bater no cargo de Presidente da República, qualquer dia eu quero ser candidato a candidato a uma coisa que não existe, que não tem peso, ainda tem menos peso do que aquilo que muitos acham que tem o Presidente da Comissão Europeia, não faz sentido.’”

E por aí adiante, numa atuação ímpar... Quem é que falou em “tiro ao Cavaco”?

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