

Não quereria, por ora, estender esta ideia positiva para além dos limites do meu concelho de origem e residência. E isso porque existe muito de questionável na imposição decorrente do memorando da Troika em relação a uma redução do número de autarquias e juntas de freguesia e no projeto da sua concretização apresentado pelo ministro Relvas – por um lado, haverá seguramente pressupostos de pendor tecnocrático ou demagógico a secundarizar; por outro lado, haverá certamente argumentos de tipo sociológico ou identitário a considerar. Fico-me pelo Porto, pois.
No que ao Porto toca, um concelho dominantemente urbano de um país supostamente europeu e desejavelmente aberto ao mundo, a escala e a racionalidade têm de ter espaço de respiração – e a proposta salda-se em 6 freguesias com populações entre cerca de 30 mil e pouco mais de 50 mil habitantes –, as competências de proximidade têm de ter alguma substância e dignidade, os protagonistas têm de ter credibilidade e peso próprio.
Por muito que algumas das luminárias da nossa praça vão achando – Rui Moreira, por exemplo, dizia há um ano que “preferia que se redescobrissem funções para as freguesias" –, o simples facto de apenas 2 dos 12 presidentes de junta ouvidos pelo JN concordarem expressamente com a proposta é apenas mais um indício de que a mesma aponta numa direção correta. A bem de uma democracia já tão desgastada pelas nefastas lógicas em que assentam os dois maiores partidos portugueses e que aqui se exprimem por uma mais que provável resistência ao enfrentamento (higiénico, no mínimo) dos seus pequenos poderes…
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