Passei ontem pela Fnac e lá estava bem visível o novo álbum de Leonard Cohen (acima caricaturado em http://www.telegraph.co.uk), oito anos depois da sua última gravação em estúdio e três anos depois de ter iniciado a longa digressão mundial de concertos a que se viu forçado – “Por razões financeiras, fui obrigado a voltar à estrada para refazer minha situação financeira e a de minha família. Foi um acaso feliz.” Comprei, num quase inconsciente impulso solidário.
Ainda a caminho de casa, pus o CD a tocar. Reencontrei a voz e a poesia que nunca mais me falharam desde que, à distância de já mais de quatro décadas, o “Em Órbita” do “Rádio Clube Português” e Cândido Mota divulgaram por estas paragens “Songs of Leonard Cohen”, “Songs from a Room” e “Songs of Love and Hate”. E, com algum revivalismo, dei por mim a revisitar de rajada – como que em 78 rotações – pedaços de existência pontuados por excertos de “Suzanne” e “So Long, Marianne”, “Bird on the Wire" e “Love Calls You By Your Name”, “Famous Blue Raincoat” e “Joan of Arc”, “I'm Your Man” e “Dance Me to the End of Love”.
Este “Old Ideas” (“Ideias Antigas”) traz-nos agora peças como “Going Home”, “Show Me The Place”, “Crazy to Love You”, “Amen” ou “Darkness”. Que definitivamente se juntam aos registos indispensáveis de Cohen, cada uma delas ilustrando o material temático que fez do músico e autor uma história de serenidade e coerência, sempre na fronteira do essencial: o intimismo, a sabedoria, o amor, a mágoa e a morte. Como quando refere, 77 anos passados: “Não tenho futuro / Sei que os meus dias estão contados / O presente não é assim tão agradável / Apenas muita coisa para fazer / Pensava que o passado iria permanecer / Mas as trevas também o apanharam”. Belíssimo!
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