domingo, 5 de fevereiro de 2012

PIERRE-LAURENT AIMARD – CASA DA MÚSICA



O Porto e a Casa da Música de novo no circuito mundial do ciclo de piano, poderia ser o título deste post. A visita de Pierre-Laurent Aimard, inserida no programa dedicado em 2012 à França, retoma a ambição dos primeiros anos do ciclo de piano com a passagem pelo Porto de nomes em regra atraídos pela chamada primeira liga das salas de concertos. Ter o Porto e a Casa da Música inseridos aqui e ali nesse plano constitui um indicador da consistência do projeto e também da recetividade da Cidade a outros estímulos para além das corridas de automóveis, dos aviões pelos vistos já noutras paragens e de outras manifestações da política de eventos que temos. Ainda não perdi a esperança de ver na Casa da Música a Martha Argerich, mesmo que a pianista atue apenas com alguém mais no palco (a quatro mãos, quartetos, quintetos, etc, como os sucessivos “Martha Argerich and Friends” no Festival anual de Lugano nos têm documentado.
Pierre-Laurent Aimard trouxe-nos uma difícil (para espectadores sem formação musical no tempo adequado como eu) iniciação a Kurtag, uma comovente digressão por Schumann, Lizt (a cristalina sensação dos Jogos de Água) e uma segunda parte inexcedível do 2º caderno dos Prelúdios de Debussy. Contido nos encore, dois e um com segundos apenas (o Porto está habituado à generosidade de alguns pianistas como Sokolov), destaque para uma pequena peça de Boulez (Notations) que afinal antecipa para todos a vinda do Ensemble Intercontemporain, dirigido pelo próprio Boulez a 24 de Março e o importante concerto do REMIX ENSEMBLE e da própria Sinfónica em 28 de Abril dedicado a Boulez, que fecha com o Bolero de Ravel.
Ah! De acordo com a minha própria notação, o índice de catarro (apesar da época) está definitivamente em baixa, o que na minha leitura e em comparação com o que tenho ouvido por vezes na Gulbenkian, anuncia um público mais jovem e por isso para a Casa da Música um projeto sustentável, pois ganhou o seu público e está a rejuvenescê-lo.
Passando a publicidade da Deutsche Gramophone, vale a pena recordar o último projeto de Aimard, sobre Lizt.

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