“Milliarden für Griechen – STOP!”, grita o cabeçalho do “Bild” – que se diz ser o mais lido dos jornais alemães – desta manhã. Neste mesmo dia em que o “Bundestag” vai votar o segundo pacote de resgate e em que um ministro desalinha publicamente, pela primeira vez, da versão oficial ao declarar em entrevista ao “Der Spiegel”: “não estou a falar de expulsar a Grécia do euro, mas sim de criar estímulos para uma saída que a Grécia não possa recusar”.
Aquele tabloide explica ainda que “a Europa está a despejar dinheiro para um barril sem fundo” – seguindo na esteira desse estranho Schäuble que, além de afirmar que “não existem garantias” quanto ao sucesso do segundo pacote e que “pode não ser a última vez que o Bundestag tenha de considerar a ajuda financeira”, usara dias antes a expressão “poço sem fundo” – e dá conta de uma sondagem segundo a qual, e respetivamente, quase dois terços e 62% dos alemães estarão convencidos de que a Grécia não pode ser salva da bancarrota e prefeririam que o seu parlamento votasse “não” esta tarde.
A realidade é esta, pois. Com a agravante de que, como bem avisou José Pacheco Pereira (JPP, acima caricaturado por Fernão Campos em http://ositiodosdesenhos.blogspot.com) na última ”Quadratura do Círculo”, “o problema na Grécia está a mudar de caráter”. Ou, mais concretamente: “A Grécia é um país complicado, com uma história complicada, e o que a Europa está a fazer é fazer deslocar a reação dos gregos das questões sócio-económicos – que já eram o suficiente para uma reação muito considerável – para uma questão nacional”. Para concluir, num louvável esforço de interpretação/compreensão: “Das duas, uma: ou as pessoas consideram que há racionalidade da política europeia, e essa racionalidade é correr com países como Portugal e a Grécia do Euro e da Europa – e essa política está a ser conduzida com dolo, com má-fé –, ou então é uma política completamente caótica, feita pelos maiores incompetentes que alguma vez se viu sobre a Terra – o que eu também duvido que sejam – e cujo resultado é um caos.”
JPP não se coibiu ainda de deixar, em semana de Conselho Europeu, uma espécie de pré-aviso adicional. Que merece o devido registo, sobretudo se admitirmos que se trata de algo que poderá servir “para mais tarde recordar” (ou lamentar?): “Nós vamos assinar o chamado 'Pacto Orçamental' que implica uma redução brutal da nossa dívida externa (…) e um défice de 0,5%. Nós vamos assinar, vamos assinar de cruz, ou seja, vamos assinar um documento que pode permitir por-nos na rua da Europa e do Euro.” Até dói…
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