segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ANUÁRIO 2011 DA EURORREGIÃO GALICIA – NORTE DE PORTUGAL



Acaba de ser editada a versão de 2011 do Anuário daEurorregião Galicia-Norte de Portugal. Não se trata do Anuário Estatístico da Eurorregião, entretanto extinto na sequência de uma apressada reorganização do INE com perda de influência das Direções Regionais e apagamento total do contributo extremamente positivo que aquela Direção Regional prestara à cooperação inter-regional e transfronteiriça.
Este Anuário é editado por uma empresa de comunicação com sede na Corunha, coordenada pelo jornalista Ernesto S. Pombo e incorpora, para além de informações úteis ao relacionamento transfronteiriço, um conjunto de artigos de opinião sobre o estado da arte na Eurorregião elaborados por jornalistas, universitários, políticos e outras personalidades. Tem o apoio da Associação Eixo Atlântico, da Xunta de Galicia e do Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal.
Numa edição com uma participação desproporcionadamente mais elevada de personalidades galegas (universitários e jornalistas, essencialmente) do que nortenhas, asseguro com os jornalistas Luís Costa, M.J.O. e David Pontes a presença do pensamento nortenho. Esta desproporção reflete o meu entendimento de que o interesse na Eurorregião é desigual, mais atento e apurado do lado galego.
O meu artigo de opinião explora algumas ideias já apresentadas neste blogue, situando o Norte de Portugal como um espaço crítico de territorialização da dupla crise que atravessa a economia portuguesa. Para além da resiliência de parte da estrutura produtiva regional que tenho vindo a assinalar neste blogue, apresento no artigo de opinião os seguintes elementos de diferenciação competitiva que interessa não perder vista:
  • “A Região possui um aeroporto internacional com boa performance na liga competitiva do tráfego aéreo que está ao seu alcance, designadamente através de uma rede de relações “low cost” com segundas e terceiras cidades europeias que completa o conjunto de rotas asseguradas pela TAP.
  • Essencialmente por esta via, a cidade do Porto e a Região são hoje um destino relevante de “short-breaks” que têm permitido sustentar uma procura turística apesar do contexto internacional desfavorável.
  • O Porto de Leixões é a infraestrutura portuária do país com melhor desempenho de gestão e resultados e apresenta um potencial de internacionalização e de modernização ainda não totalmente explorado.
  • A afetação de recursos que privilegiou a dotação de infraestruturas nas últimas duas décadas coloca a Região numa situação particularmente favorável em termos de conectividade e fluidez essencialmente rodoviária.
  • Equipamentos e infraestruturas culturais pujantes e com grande visibilidade podem ser âncoras de um núcleo de indústrias culturais e criativas, embora com fortes necessidades de coordenação e exigindo uma política inicial de mercados públicos para consolidar o seu arranque.
  • Finalmente, uma oferta pujante de infraestruturas de base científica e tecnológica (saúde, biomedicina, tecnologias de produção, nanotecnologia, engenharia de tecidos urbanos, entre outros) está a emergir e com ela um conjunto de empresas de base tecnológica tenderá a criar emprego mais qualificado”.
Acabo com a seguinte reflexão:
“Com estas condições, a Região necessita de menos atomização, lideranças mais firmes, reforço do esforço de coordenação. Necessita também que o resgate financeiro em curso não mate precocemente a mudança estrutural em curso e que não comprometa a coesão social sem a qual não há mudança estrutural exequível”.

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