Acaba de ser editada a versão de 2011 do Anuário daEurorregião Galicia-Norte de Portugal. Não se trata do Anuário Estatístico da
Eurorregião, entretanto extinto na sequência de uma apressada reorganização do
INE com perda de influência das Direções Regionais e apagamento total do
contributo extremamente positivo que aquela Direção Regional prestara à
cooperação inter-regional e transfronteiriça.
Este Anuário é editado por uma empresa de comunicação com
sede na Corunha, coordenada pelo jornalista Ernesto S. Pombo e incorpora, para
além de informações úteis ao relacionamento transfronteiriço, um conjunto de
artigos de opinião sobre o estado da arte na Eurorregião elaborados por
jornalistas, universitários, políticos e outras personalidades. Tem o apoio da
Associação Eixo Atlântico, da Xunta de Galicia e do Programa de Cooperação Transfronteiriça
Espanha-Portugal.
Numa edição com uma participação desproporcionadamente
mais elevada de personalidades galegas (universitários e jornalistas,
essencialmente) do que nortenhas, asseguro com os jornalistas Luís Costa, M.J.O.
e David Pontes a presença do pensamento nortenho. Esta desproporção reflete o
meu entendimento de que o interesse na Eurorregião é desigual, mais atento e
apurado do lado galego.
O meu artigo de opinião explora algumas ideias já
apresentadas neste blogue, situando o Norte de Portugal como um espaço crítico
de territorialização da dupla crise que atravessa a economia portuguesa. Para
além da resiliência de parte da estrutura produtiva regional que tenho vindo a
assinalar neste blogue, apresento no artigo de opinião os seguintes elementos
de diferenciação competitiva que interessa não perder vista:
- “A Região possui um aeroporto internacional com boa performance na liga competitiva do tráfego aéreo que está ao seu alcance, designadamente através de uma rede de relações “low cost” com segundas e terceiras cidades europeias que completa o conjunto de rotas asseguradas pela TAP.
- Essencialmente por esta via, a cidade do Porto e a Região são hoje um destino relevante de “short-breaks” que têm permitido sustentar uma procura turística apesar do contexto internacional desfavorável.
- O Porto de Leixões é a infraestrutura portuária do país com melhor desempenho de gestão e resultados e apresenta um potencial de internacionalização e de modernização ainda não totalmente explorado.
- A afetação de recursos que privilegiou a dotação de infraestruturas nas últimas duas décadas coloca a Região numa situação particularmente favorável em termos de conectividade e fluidez essencialmente rodoviária.
- Equipamentos e infraestruturas culturais pujantes e com grande visibilidade podem ser âncoras de um núcleo de indústrias culturais e criativas, embora com fortes necessidades de coordenação e exigindo uma política inicial de mercados públicos para consolidar o seu arranque.
- Finalmente, uma oferta pujante de infraestruturas de base científica e tecnológica (saúde, biomedicina, tecnologias de produção, nanotecnologia, engenharia de tecidos urbanos, entre outros) está a emergir e com ela um conjunto de empresas de base tecnológica tenderá a criar emprego mais qualificado”.
Acabo com a seguinte reflexão:
“Com estas condições, a Região necessita de menos
atomização, lideranças mais firmes, reforço do esforço de coordenação.
Necessita também que o resgate financeiro em curso não mate precocemente a
mudança estrutural em curso e que não comprometa a coesão social sem a qual não
há mudança estrutural exequível”.
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