domingo, 19 de fevereiro de 2012

A MAGIA DO CINEMA

Vale a pena ir ver “The Artist”, uma verdadeira homenagem aos primórdios da Sétima Arte (ou à sua intemporalidade?) e um hino ao cinema em estado puro. Sobretudo por um despojamento que fica bem patente na opção pelo mudo e pelo preto e branco. E além de tudo o mais, um filme inteiramente europeu (produção franco-belga, realização e principais intérpretes franceses) a ter sucesso em plena crise europeia.

Se exceptuarmos a banda sonora e três excepcionais desempenhos artísticos, incluindo a performance canina de um “Uggie” bem merecedor da “coleira de ouro” que lhe foi recentemente atribuída, nada marca muito especialmente esta trama já quase banalizada de simultâneas entradas em decadência de uma carreira artística (um excelente Jean Dujardin como George Valentin) e em ascenção de outra (uma interessante Bérénice Bejo como Peppy Miller), ambas na decorrência de uma causa exógena que é, no caso, a passagem do cinema mudo ao cinema sonoro no final dos anos 20 do século passado. E contudo…

Entretenimento, encantamento, bem-estar – três palavras possíveis para sintetizar o sentir do espectador, durante e depois. A grande qualidade de Michel Hazanavicius é efectivamente a de conseguir fazer emergir, a partir do improvável e recorrendo a talentosos toques visuais e auditivos, aqueles escopos últimos do espetáculo; não sem lhe conferir um sentido construtivo e uma forte consistência.

Largamente premiados desde Cannes, e com dez nomeações para os Óscares, os responsáveis por “The Artist” podem dar por alcançado o mais relevante: a conquista de um espaço de reconhecimento junto da comunidade cinéfila e a reserva de uma comparência nos compêndios históricos. O resto são contas de um outro rosário, irrelevante para o que de substantivo aqui preferencialmente nos anima…

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