terça-feira, 10 de março de 2015

A DÍVIDA DA PERIFERIA EUROPEIA NA CRISE

(Martin Wolf, http://www.ft.com)

A ortodoxia que domina a análise económica enche-nos os olhos e os ouvidos com as variadas perversidades associadas à questão da evolução da dívida e, em especial, da dívida pública. No quadro dessas matérias, o gráfico acima é um pouco mais completo ao evidenciar os perfis de comportamento da dívida externa – pública e também privada, portanto – registados durante o período pós-crise (2007/14) pelos quatro principais países da periferia europeia que estiveram sujeitos a algum tipo de “assistência financeira”. De notar que, em termos relativos (i.e., em % do respetivo PIB), o crescimento da dívida pública foi visível nos quatro casos, mas maior na Irlanda do que na Espanha, maior nos nossos vizinhos do que por cá e maior em Portugal do que na Grécia. Já quanto à dívida privada, e enquanto as empresas irlandesas aumentaram largamente o seu endividamento e as portuguesas o incrementaram numa proporção menor, mas claramente maior do que as gregas, as empresas espanholas desalavancaram de modo significativo; por outro lado, as famílias diminuíram o seu peso devedor na Irlanda e em Espanha (mais no primeiro país do que no segundo), mantiveram-no próximo de constante em Portugal e ampliaram-no na Grécia. Não será difícil aos leitores constatar, a partir destes dados, quanto a realidade é sempre bem mais complexa e distante do que o que pretendem veicular as vulgatas ideológicas politicamente capturadas...

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