sábado, 28 de março de 2015

PAULA, LOURA E MANIPULADORA

(Expresso)


Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, é talvez a personalidade mais reveladora das reais ambições do PSD que tomou de assalto a velha matriz ideológica social-democrata do partido. Com aquele permanente ar de botox mal aplicado e de um rubor nas faces que nos faz exercitar a imaginação, aceito, menos saudável, a ministra é o mais claro exemplo do tipo de luminárias que esta nova geração do PSD traz à ação política. Sempre disposta a desresponsabilizar-se politicamente das coisas à custa dos cargos de administração que a têm de aturar, mostrando à saciedade que prepara as suas decisões ao sabor dos mais imprevisíveis caprichos, PTC é bem reveladora da questão incessante a que somos conduzidos: como é que estas luminárias obtiveram, para nossos males, o reconhecimento que lhes permitiu chegar a onde chegaram?
Pois, já não bastava a trapalhada malévola do CITIUS e a mais desavergonhada desresponsabilização política que jamais foi vista entre luminárias do género. Agora, temos segundo o Expresso e o testemunho do organismo oficial que deveria produzir e fundamentar tal informação, que a ministra evidencia uma outra capacidade, a da manipulação de informação estatística para justificar o seu apelo populista à difusão de listas de condenados por pedofilia. Sabendo que joga com uma matéria que cala fundo na sensibilidade dos portugueses, PTC não hesitou em transformar uma taxa de reincidência de 18% em 80%, invocando canhestramente uma investigação que nem consegue localizar e que a própria diz que não é possível encontrar em tal trabalho a taxa pretendida.
Quando PTC era o foco das diatribes do ex-bastonário e também luminária (de Coimbra) Marinho Pinto, dava-lhe o devido desconto, dada a peça que as produzia. Mas agora que MP nos brinda com outras guerras e desaforos, podemos concluir que havia alguma razão no foco que ele concedia à ministra. Quem manipula informação para justificar os seus assomos não é de confiança e revela bem quem nos governa por agora. Imagino que a afadigada ministra encontrará por certo mais um fator de desresponsabilização e continuará a governar em função do ritmo dos seus humores.

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