Tempos houve, e não muito distantes, em que os principais arautos do europeísmo e do modelo europeu apontavam a extensa fila de países candidatos à adesão à União Europeia (UE) como uma clara demonstração da capacidade de atração que a construção comunitária crescentemente revelava. Pois nesta sexta-feira, e excluindo os casos passados de países ricos que escolheram ficar de fora por razões muito próprias (Suíça e Noruega), ocorreu um primeiro momento de viragem explícita e unilateral naquela tendência com a divulgação de um comunicado noticioso vindo de Reykjavík segundo a qual “o Governo considera que a Islândia já não é um país candidato e pede à UE que aja em concordância com esta intenção daqui para a frente”. Esta decisão veio dar uma sequência formal a uma declaração prévia do primeiro-ministro Gunnlaugsson segundo a qual “participar em conversações com a UE deixou realmente de ser válido” por razões, explicou, quer associadas a mudanças verificadas na UE quer decorrentes do facto de o atual governo não estar disposto a aceitar tudo quanto o anterior tinha negociado.
Não vai longe aquele ano de 2009 em que uma Islândia fragilizada e depauperada pela crise financeira apresentou a sua candidatura à integração e era apresentada como um peixe grandalhão bem apanhado na rede europeia. Menos de seis anos depois, confrontada com uma burocracia à solta e com um projeto em desagregação, a Islândia opta naturalmente pela preservação da sua autonomia e margem de manobra contra o embarque numa aventura cada vez menos recomendável...
(Riber Hansson, http://www.svd.se)
(Rainer Hachfeld, http://www.neues-deutschland.de)
(JørnVillumsen, http://bladtegnere.dk)
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