(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
(elaboração própria a partir de http://www.ft.com e http://expresso.sapo.pt)
Foi ontem que o BCE iniciou finalmente o seu tão aguardado programa de QE (quantitative-easing), injetando nos mercados 60 mil milhões de euros numa base mensal (prevista até setembro de 2016) em compras dominantemente orientadas para títulos de dívida pública.
A decisão, que fora tomada em janeiro passado com a manifesta relutância dos alemães – há até quem jure que Merkel chegou a tomar xarope contra a diarreia que a mera hipótese de um QE lhe provocou –, já tinha entretanto vindo a provocar alguns efeitos de continuidade muito relevantes, quer no plano da baixa dos yields das obrigações quer em termos de desvalorização/queda do Euro (gráficos abaixo).
(Dave Brown, http://www.independent.co.uk)
Mas os efeitos daquele anúncio de Draghi também se vieram somar a alguns dados de natureza exógena (queda dos preços do petróleo, sobretudo) para determinar uma alteração do clima económico no sentido de uma maior confiança quanto às perspetivas próximas de crescimento e inflação (ver gráfico abaixo com as recentíssimas previsões divulgadas pelo BCE para a Zona Euro: 1,5% em 2015 e 1,9% em 2016, no tocante ao crescimento, e zero em 2015 mas 1,5% em 2016, no tocante à evolução dos preços) – houve quem falasse de uma “retoma cíclica moderadamente forte” e até mesmo quem tivesse lido nas palavras com que Draghi acompanhou a apresentação destas estimativas (“os riscos negativos para a economia diminuíram”) a preparação de uma próxima e mais afirmativa comunicação em torno do fim da crise da Zona Euro.
Mas o programa de QE arrancou com alguma timidez e a tal não é estranho o facto de a maioria da classe de ativos aqui em causa (obrigações centrais da Zona Euro) estar a ser objeto de trading a taxas de remuneração negativas (ver os extraordinários dois gráficos abaixo), assim levantando dúvidas altamente pertinentes quanto ao verdadeiro impacto que poderá vir a ocorrer nestas novas e mais imprevisíveis condições. Caso para desabafar e perguntar, como o fez David Keohane no blogue “FT Alphaville”: this is nuts, where have all the bonds gone?
(FT Alphaville, http://www.ft.com)
(FT Alphaville, http://www.ft.com)
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