Nem sempre tem sido dado o devido destaque público ao trabalho sério e rigoroso que tem vindo a ser realizado pelo Conselho de Finanças Públicas (CFP), dirigido pela discreta e competente economista Teodora Cardoso (TC). Por muito que haja quem a designe depreciativamente por “o Gaspar em avozinha”, quiçá devido à sua quase obsessão com a transparência e a estabilidade das contas públicas, TC prossegue infatigavelmente a linha de rumo que traçou. Desta vez, e com a apresentação do terceiro relatório mensal de 2015 (“Finanças Públicas: Situação e Condicionantes 2015-2019”), o CFP voltou a pôr o dedo em algumas feridas muito relevantes para o que poderá ser a evolução da economia portuguesa no próximo futuro e em função do quadro envolvente que é o seu. Sem prejuízo de análises mais aturadas sobre a matéria, o gráfico que hoje é divulgado pelo “Jornal de Notícias” a partir dos dados constantes daquele relatório elucida quaisquer interessados sobre o que pode estar em causa na perspetiva de qualquer governo do País (seja o atualmente instalado, seja o que se lhe seguirá): uma margem de manobra limitadíssima para o desenvolvimento de qualquer política económica nacionalmente determinada, que o mesmo é dizer que não só as coisas não são tão simples quanto afirmam os arautos do “basta inverter as medidas de austeridade e já está” como também que um afrouxamento relevante da austeridade redundará em incumprimento das metas europeias a que nos obrigamos. É por estas e por outras que bem podem os nossos responsáveis berrar que não somos a Grécia, que o Tesouro tem os cofres bem cheios, que a dívida é para pagar até ao último tostão, que a flexibilidade das metas europeias não é precisa nem desejável ou que a solução dos problemas europeus será alemã ou não será...
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