quarta-feira, 4 de março de 2015

AFINAL ERA VERDADE!


O presidente da Comissão Europeia dá hoje uma interessante entrevista ao “El País”. Muito naquela linha a que já há muito nos habituou – sempre compreensivo e conciliador, sempre amigo de todos e quaisquer uns –, Jean-Claude Juncker lá volta a dar uma no cravo e outra na ferradura como esta Europa requer e sendo tal, provavelmente, o melhor que a mesma atualmente consegue fornecer aos seus desligados cidadãos.

Entre várias afirmações elucidativas, ora insidiosas, ora dúplices, ora simpáticas – “Tsipras tem o mérito de ter colocado as perguntas corretas”, “mas nunca deu respostas” e “ainda tem que explicar aos gregos que algumas das promessas com que ganhou as eleições não vão ser cumpridas”; “não era adequado (...) que os países resgatados não se sentassem a negociar com a Comissão ou com o Eurogrupo mas com funcionários” e “a gente descobre agora que já leva anos a dizer que seria conveniente pôr um ponto final à troika – em parte por uma questão de dignidade: porventura não fomos suficientemente respeitosos”; “relativamente à decisão de dar mais dois anos à França (...), pode ter-se a impressão de que a França recebeu um presente, mas é um presente envenenado; “não estou interessado em desafiar Merkel, (...) a minha relação com ela é excelente”, mas “quando lançamos um programa de ajustamento é imprescindível uma avaliação do impacto social”; “a União Europeia e a Zona Euro não são comparáveis – na Europa continuamos a pensar que a consolidação orçamental e as reformas são importantes, mas está claro que só com isso não chega lá: há que investir para evitar que 23 milhões de europeus continuem famintos de empregos”.

Mas é num parágrafo perdido no meio da entrevista que vem uma renovada confirmação do estado da solidariedade europeia e, em particular, do inconcebível modo (“muito exigente”, disse Juncker do alto da sua suave bonomia) com que os ibéricos têm vindo a tratar a Grécia nas últimas semanas. Ao invés do que Passos e Albuquerque, tal como Rajoy e Guindos, vieram declarar publicamente aos seus concidadãos. Deixo o sintomático excerto.

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