A partir de uma causalidade sugerida por alguns autores entre a quebra de crescimento verificada na produtividade dos países mais avançados do mundo (primeiro gráfico acima) e o forte aumento do peso do setor financeiro no conjunto da respetiva atividade económica (segundo gráfico acima), Matthew C. Klein veio sugerir, algo provocatoriamente, que o fim da estagnação poderia depender de políticas orientadas para um maior esmagamento do setor financeiro.
Vejamos um pouco mais em detalhe: quanto à produtividade, ela cresceu significativamente e de modo sustentado desde o pós-guerra e até meados dos anos 70, depois conheceu uma redução até meio da década de 90 para voltar a crescer até cerca do final do primeiro quinquénio deste século e tornar a cair posteriormente; em relação ao setor financeiro, o seu peso (medido pela sua parte nos lucros totais das empresas domésticas, deduzidos os efeitos da senhoriagem do FED) manteve-se largamente estabilizado até ao início dos anos 80 para registar depois (a despeito de algumas relevantes variações cíclicas) uma tendência próxima de dupla face aos 40 anos anteriores. Ou seja: a taxa de crescimento da produtividade era sistematicamente maior quando o setor financeiro era relativamente mais diminuto do que o que veio a observar-se quando este se foi tornando crescentemente mais marcante – vejam-se as bem diferenciadas médias dos indicadores em causa no gráfico abaixo e para os períodos 1948/1975 e 1976/2014.
Aqui chegados, e valendo a ideia o que vale e nada mais do que isso, não deixa de haver nela o interessante lado de contribuir (mesmo que modestamente) para colocar na defensiva um setor que adquiriu asas próprias a um ponto tal que acabou por se tornar quase insuportavelmente inatingível por qualquer processo eficiente de regulação. Não é por acaso que há quem fale dos malefícios da globalização financeira...
Sem comentários:
Enviar um comentário