Vinte e cinco anos de “Público”! Que hoje assim oferece aos leitores, em comemoração, o exemplar deste dia, no meu caso cumprindo vinte e cinco anos de quase religiosa aquisição em cada dia de cada ano.
O “Público” faz hoje parte integrante da história portuguesa contemporânea. Mérito do acionista que o criou, Belmiro de Azevedo e o grupo Sonae, do primeiro presidente do Conselho de Administração da “Público, Comunicação Social, S.A.”, Nuno Vitorino – que, recordo, chocou à época por ter decidido trocar um lugar de diretor-geral todo poderoso na distribuição dos fundos estruturais europeus por um projeto jornalístico privado considerado de elevado risco –, do primeiro diretor do jornal, Vicente Jorge Silva – sim, esse mesmo que ficou definitivamente como a alma do “Comércio do Funchal” – e de tantos e tantos grandes jornalistas que por lá passaram e protagonizaram, de múltiplas formas, “uma verdadeira escola”.
Claro que houve momentos infelizes ou até péssimos – como os dos despedimentos e das graves querelas internas (to say the least...) ou os das tomadas de partido inexplicadas ou inexplicáveis (lembro a dogmática e inconcebível cruzada de José Manuel Fernandes em favor da invasão do Iraque). Mas o saldo, tudo visto e ponderado e descontando os erros e omissões, é largamente excedentário.
Ainda devo ter por aí, num canto qualquer destes meus escritórios, a maquete inicial e o exemplar zero do “Público”. Sim, porque o jornal esteve inicialmente previsto para uns tempos antes e foi depois anunciado para 4 de março de 1990, sendo que uns quaisquer problemas técnicos o impediram de sair nessas datas, não sem que os seus profissionais o tivessem mesmo assim testado experimentalmente neste último caso – tenho bem presente a minha ida, com o Zé Valente, à delegação do Porto da rua Nossa Senhora de Fátima para o levantar pela porta do cavalo junto de uma amiga que por lá trabalhava. Mas, afinal, o jornal do dia 5 viria a proporcionar duas notícias curiosas e premonitórias (imagem acima): a recusa de abertura por parte do PCP (“Cunhal: resistir até ao fim”) e a continuação da afirmação futebolística do meu FCPorto após uma vitória sobre o Sporting (“Porto: luz verde para o título”).
Pouco tempo depois, o Joaquim Fidalgo desafiou um grupo de docentes da FEP – éramos seis, os saudosos José Valente e Manuel de Oliveira Marques, mais o Augusto Santos Silva, o Daniel Bessa, a Elisa Ferreira e eu próprio – a criarem uma coluna semanal e rotativa para procurarem dar conta, designadamente, de como os problemas do País e seus arredores eram encarados a partir deste tão selvagem e longínquo Norte – o espaço, que durou dois anos, chegou quase a chamar-se “Visto de Cima”, mas acabou por ser “Da Outra Margem”.
Os tempos agora são outros e o digital vai paulatinamente tomando um lugar predominante. Mas, independentemente da forma, faltam mais vinte e cinco para a chegada de um “Público” cinquentão e ainda mais maduro. Até lá, obrigado e parabéns aos muitos que o fizeram e votos de bom trabalho aos que por lá vão estando...
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