quinta-feira, 12 de março de 2015

A NOITE EM QUE SOÇOBROU O ABSOLUTISMO DO “SPECIAL ONE”


Como quase sempre se deve fazer, começo pelo princípio: José Mourinho é um grande treinador de futebol e já nada de nada poderá chamuscar minimamente essa incontestável realidade. Estamos esclarecidos, pois, e ponto final parágrafo.

Mas ontem à noite, jogando o seu Chelsea a segunda mão dos quartos-de-final da Champions em Londres contra o PSG após ter empatado a 1 em Paris, não apenas montou um esquema tático tão cientificamente rigoroso e rígido que enregelou a criatividade e a própria disponibilidade psicológica dos seus próprios atletas como também se mostrou incapaz de reagir em consonância com a evolução das incidências do jogo, aliás quase sempre favoráveis aos seus interesses (expulsão de Ibrahimović aos 30 minutos, 1-0 aos 81 e 2-1 aos 96 do prolongamento, nomeadamente). 

A moral que retirei desta história foi a de que, não sendo de todo o futebol uma ciência e muito menos exata, existem riscos associados à infalibilidade dogmática, que Mourinho tem vindo a assumir crescentemente, de um modelo de jogo assente na férrea disciplina defensiva, no controlo da posse de bola e na estreiteza de atacar pela certa. Tanto mais quanto, curiosamente ou talvez não, as vitórias que até agora conseguiu na maior liga europeia não foram as dos planteis milionariamente planeados mas sim as de conjuntos em que teve de combinar o seu indiscutível génio tático com a força imprimida por outras valências (como as da vontade e da ambição dos jogadores envolvidos) – as lições do FCPorto de 2004 e do Inter de Milão de 2010 aí ficaram para o comprovar...

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