sexta-feira, 6 de março de 2015

ENTRE OS DOIS VENHA O DIABO E ESCOLHA!



O português médio, entregue aos seus problemas e à desesperada tentativa de suster a regressão das suas condições de vida e oportunidades de ascensão social, assiste atónito ao bate-boca alimentado pela comunicação social ávida de sangue político entre um desleixado primeiro-ministro em exercício, que perdeu já o sentido da vergonha institucional, e um ex-primeiro-ministro que resiste com sete vidas, não sabemos se a um gigantesco flop de investigação judicial se à armadilha das suas próprias ilusões de ambição e de megalomania.
A confirmação desbocada do desleixo do primeiro e sobretudo do nível baixinho que a geração de políticos como Passos Coelho colocou o exercício das funções de governação não necessita de desenvolvimentos e esclarecimentos futuros. É já um dado suficientemente adquirido. Não necessita de evidências adicionais. Ninguém convencerá PC que um mínimo de pudor exigiria um outro tipo de retratamento. PC parece apostado em mostrar aos portugueses que não devem esperar um referencial de governação mais elevado, que se distinga da arraia-miúda e seja referencial de cumprimento e consistência cívica. Não, PC quer demonstrar que a governação reproduz as mais profundas limitações dos portugueses, não feios, porcos e maus mas desleixados, impreparados, baixinhos de pensamento e de convicções.
Quanto ao desfecho das agruras do ex-primeiro ministro, comunicando a partir da prisão preventiva cujo regime cheira a bolor, seguramente que teremos de esperar mais tempo. As narrativas da comunicação social podem não dizer tudo. Assistiremos a incursões cirúrgicas e sem escrutínio jurídico ou democrático nos segredos do processo. Aguardaremos e cheira-me que o maquiavelismo que pode caminhar por estas bandas produzirá ondas em pleno cenário de aproximação às legislativas.
Mas, de qualquer modo, o português médio dará futuramente consigo a maturar com os seus botões que entre o desleixo e despudor político e a ambição sem limites deverá haver um equilíbrio para acolher as suas mágoas e nele projetar as suas esperanças e empatia identitária. Nesta matéria estou próximo do português médio.

Sem comentários:

Enviar um comentário