Cara Maria, Professora Maria ou simplesmente
Maria, o Professor Doutor Aníbal iniciou uma deriva perigosa do seu mandato que
o faz perder o sentido das proporções e das realidades, abrigado numa mais que
discutível defesa do interesse nacional e apoiado pela valia que ele atribui à
sua vivência presidencial e política em geral. As derivas são sempre arriscadas
e nem sempre assentam numa rigorosa antecipação dos resultados. O sempre arguto
Professor Marcelo, incompreensivelmente apanhado no desenho de perfil que o
Professor Doutor Aníbal concebeu monarquicamente para o seu sucessor em Belém,
vaticinou um fim de mandato com profunda desvalorização do papel presidencial, não
o disse, mas sabemos nós pelos fogachos contraditórios do pensamento
presidencial (veja-se por exemplo a sua oscilação em torno da sua avaliação dos
efeitos da austeridade (onde param os roteiros sociais), pela sua condescendência
com a rasteirinha evolução do exercício da governação, pela perda de
equidistância, pela vulgaridade de alguns pensamentos, pela forma indigna e
indecente como se intrometeu na já em derrocada quebra de solidariedade
europeia.
O mandato pode assim acabar mal e o isolamento é
um passo acelerado para a mágoa, sem um ombro acolhedor.
Lembrei-me, entretanto e salvo seja, que o
mandato pode ter outro fim, menos agoniante. Somos um país que mesmo em matéria
de indignação demoramos a a arrancar, PODEMOS nem vê-los, Costa e o PS teimam
em não levantar voo, a permanência na Câmara da capital prejudica mais do que
valoriza, as esquerdas podem querer manter-se virgens e imaculadas e, não vá o
diabo tecê-las, e as geometrias variáveis das coligações possíveis podem
recriar um ambiente trágico de retorno ao bloco central, “dando razão” (salvo
seja de novo) ao Professor Doutor Aníbal. Mas mesmo nessa situação, Cara Maria,
o Professor Aníbal que se acautele. Não quero imaginar o estado em que estaria
o país se esse for o cenário a que as eleições nos poderão conduzir.
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