(Paolo Mauro, http://www.iie.com)
O mesmo académico americano a que aqui me referi ontem, Paolo Mauro, foi recentemente autor de um relatório encomendado pelo Comité dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu no quadro da preparação do “Diálogo Económico” com o Presidente do Eurogrupo: “Debt sustainability and economic convergence of euro-area Member States: Challenges and Solutions”.
O dito relatório tem vários aspetos de interesse, mas limitar-me-ei aqui a sublinhar exclusivamente os critérios lógicos e os resultados associados ao modo como o autor estruturou em 7 grupos os 35 países sob análise (ou seja, a larga maioria das chamadas “economias avançadas” do mundo e algumas economias emergentes do leste europeu) em termos de comportamento do respetivo crescimento económico antes e depois da crise de 2007/08.
A conclusão que nos é mais tristemente próxima é a que decorre da figura que abre este post, onde são apresentados os gráficos ilustrativos do crescimento dos chamados GIPS (Grécia, Itália, Portugal e Espanha) na última década e que justificam a sua inclusão no grupo menos prestigiante, designado como sendo o das “tragédias de crescimento” (também incluídas estão a Croácia e a Eslovénia) e assim descrito: nível real do PIB mais baixo em 2009 do que em 2007 e em 2014 do que em 2009, i.e., não apenas o produto caiu durante a fase inicial da crise como continuou a cair posteriormente.
Os outros seis grupos, lidos de baixo para cima na figura que segue, incluem a seguinte tipologia de países:
(i) os que cresciam acima de 4% ao ano antes da crise (2000/07) e que cresceram a menos de metade do ritmo pré-crise no pós-crise (2007/14), tendo perdido cumulativamente mais de 8% do PIB durante a crise – a Irlanda é um caso deste tipo, juntamente com a maioria dos países europeus que fizeram uma transição para a economia de mercado;
(ii) os que cresciam acima de 4% ao ano antes da crise (2000/07) e que cresceram a menos de metade do ritmo pré-crise no pós-crise (2007/14), tendo perdido cumulativamente entre 4% e 8% do PIB durante a crise – a República Checa e a Eslováquia são bons exemplos;
(iii) os que cresciam a menos de 4% ao ano antes da crise (2000/07) e que cresceram a mais de metade do ritmo pré-crise no pós-crise (2007/14), tendo perdido cumulativamente mais de 4% do PIB durante a crise – cabem aqui a Alemanha e o Reino Unido;
(iv) os que cresciam a menos de 4% ao ano antes da crise (2000/07) e que cresceram a mais de metade do ritmo pré-crise no pós-crise (2007/14), tendo perdido cumulativamente menos de 4% do PIB durante a crise – cabem aqui a França e os Estados Unidos;
(v) os que cresciam a menos de 4% ao ano antes da crise (2000/07) e que cresceram a menos de metade do ritmo pré-crise no pós-crise (2007/14) – casos da Finlândia, Holanda e Chipre;
(vi) aqueles cujo crescimento real do PIB nunca foi negativo em nenhum momento da crise – a Polónia é o único país da UE neste grupo de “ilesos”.
(Paolo Mauro, http://www.iie.com)
Resumindo, to whom it may concern neste lindo torrão lusitano: Portugal não é a Grécia, mas não deixa por isso de fazer parte do grupo da tragédia...
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