quinta-feira, 21 de maio de 2015

AMANHÃ NA PORTO BUSINESS SCHOOL



(Tópicos para a agenda)

Amanhã, em boa companhia, Paulo Pinho (FEUP-UP) e Isabel Guerra (ISCTE), moderados por José Luís Alvim (PBS), estarei na Porto Business School para uma intervenção no Sharing Event de Perguntas e Respostas(coisa fina, esta designação) da formação de capacitação para Presidentes de Câmaras Municipais, em organização conjunta da PBS e do Programa Capacitar (Secretaria de Estado da Administração Local).

No fundo uma boa oportunidade para sistematizar pensamento e discutir com agentes políticos locais (presume-se desprendidos de enquadramento político-partidário) algumas das reflexões que tenho vindo a acumular no âmbito da minha experiência de Reflective Practitioner.

E aqui fica para memória futura o alinhamento principal das ideias a transmitir, numa charla focada na minha interpretação dos Desafios Autárquicos para o Século XXI.

1          A PERSPETIVA
Ciências da Organização – o REFLECTIVE PRACTITIONER – O PRÁTICO REFLEXIVO

Avaliador de políticas públicas
Investigação sobre territorialização de políticas públicas e modelos de desenvolvimento económico e territorial
Prática de consultadoria de planeamento estratégico territorial, setorial e organizacional
Conhecimento contexto-dependente versus ciência e teoria
Conhecimento e decisão, política e não só.

2          O CONTEXTO POLÍTICO-INSTITUCIONAL
Vários elementos relevantes de contexto para situar e compreender a minha interpretação dos desafios autárquicos

Organização Territorial do Estado incompleta, truncada, bloqueada, adiada, o que quiserem …
Baixo grau de descentralização no plano comparativo europeu e mundial, medido por exemplo pela percentagem comparativa de despesa pública realizada pelos níveis subnacionais em relação à despesa pública total
Tradição administrativa de forte segmentação da intervenção do Estado, administração vertical com grande incapacidade de cooperação horizontal ao nível central, desconcentração em declínio e fraca experimentação de territorialização de políticas públicas
Municípios de dimensão média (física e demográfica) relativamente elevada no plano comparativo da EU e da OCDE
Modelo de abordagem: poder central forte e resiliente (raízes históricas profundas), regiões-plano incipientes sobretudo quando confrontadas com as autonomias regionais da Madeira e dos Açores, municípios fortes com poder de influência da despesa pública superior ao peso da despesa que movimentam
Há investigação que mostra que pelo menos para algumas variáveis se registou convergência entre os municípios do continente
A crise de 2007-2008 e seus desenvolvimentos nacionais não foram indiferentes e neutrais: o antes e o depois do resgate financeiro
Há uma geografia da crise que não está ainda estudada com profundidade, dado o desfasamento temporal de informação estatística relevante.


3          UM MODELO EM TENSÃO CUJA SAÍDA É AINDA INDETERMINADA
A crise de 2007-2008 e os prolongamentos nacionais em termos de crise das dívidas soberanas não foram neutrais para o modelo que organizou o desenvolvimento territorial e autárquico das duas últimas décadas …

O modelo económico da economia portuguesa está em profunda transformação e esta última acarreta profundas implicações no desenvolvimento territorial
Dimensão da competitividade (territorial e empresarial) com relevância crescente no quadro das políticas de coesão
Os Municípios estão sob a influência de um efeito-tenaz
Aliviamento incipiente das tensões: emergência do supramunicipal como sucedâneo imperfeito do completamento da organização territorial do Estado
Experiências supramunicipais: frágeis, incipientes e atabalhoadas no sentido de que não foram consistentes no tempo, avanços e recuos, foram demasiado instrumentais, isto é, impulsionadas por instrumentos de política pública e Fundos Estruturais, sem uma lógica de continuidade visível


4          DESENVOLVIMENTOS EM TORNO DO EFEITO-TENAZ QUE SE ABATE SOBRE O PODER LOCAL – DESAFIO Nº 1
Modelo de análise: a dupla pressão, descendente e ascendente, sobre o poder municipal
A pressão descendente

Consolidação das contas públicas com reforço do centralismo e dúvidas nunca fundamentadas sobre o “despesismo” municipal
Planeamento top down exige novos espaços de racionalização do investimento público para além do municipal
Políticas de competitividade desvalorizam frequentemente o nível local (municipal)
Ênfase na eficiência induzida pela frustrada onda do New Public Management
Resgate e Memorando da TROIKA e sua influência no poder local
A pressão ascendente

Complexidade dos problemas sociais
Transversalidade do envelhecimento e da necessária organização social para o acomodar
Densidade de expectativas dos cidadãos
Procura mais intensa de cidadania
Maior qualificação dos casais jovens
Descentralização municipal

As Saídas possíveis enquanto desafio autárquico de grande expressão
Fragmentação dos modelos de intervenção municipal?
Municípios LIGHT e CIM FORTES?
Municípios com domínios de intervenção mais robusta mas mais especializada?
Maior intensidade de escolhas públicas municipais?
Crescimento da governação CIDADE na governação municipal?
Novos modelos de parceria privado-municipais com accountability reforçada?
Qualquer que seja a saída seguramente fortes implicações na natureza da Câmara Municipal como ORGANIZAÇÃO e consequentes efeitos sobre as necessidades de upgrade da GESTÃO

5          NOVAS ESCOLHAS PÚBLICAS LOCAIS, TRANSFORMAÇÃO DOS MODELOS DE FINANCIAMENTO – DESAFIO Nº 2

Seletividade de opções de política local
Responder a novos domínios de intervenção…
Complexidade do social
Desenvolvimento económico
Microempreendedorismo e criação de emprego …
E simultaneamente não perder de vista investimentos e intervenções mais tradicionais
Manutenção, conservação e renovação de infraestruturas, por exemplo
Significativa alteração das condições de financiamento via políticas de coesão e Fundos Estruturais …
 Com combinações diversas nestes últimos – FSE por exemplo
 Investimentos não elegíveis no Portugal 2020: que financiamento?
 A preparação das condições de acesso a financiamento comunitário que não o proveniente dos Fundos Estruturais

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