O Guardian anuncia que Thomas Piketty irá proximamente ocupar uma posição
de relevo no novo International Inequality Institute (III) da London School of
Economics, o que culmina a ascensão mediática meteórica do economista francês,
anglo-saxonizado pela sua longa relação com a academia americana. Mas, mais
importante do que a ascensão profissional de Piketty, cuja evolução de
rendimentos provavelmente o colocará sob a alçada de parte das suas propostas
sobre fiscalidade, o que interessa registar é o que isto significa do ponto de
vista da importância global do tema da desigualdade no século XXI e como
desafio maior, a par das turbulências e ganância do sistema financeiro, do
capitalismo instalado.
A criação do III na LSE com Piketty como estrela é paralela à aposta do
Luxemburg Income Study Center em Nova Iorque com os nomes de Krugman (vejam a
imagem austera do novo gabinete do economista nesta instituição) e de Branko
Milanovic. O mesmo se diga quanto à importância do tema no debate académico e
político nos EUA, no qual se insere a recente publicação do novo The Great
Divide de Stiglitz.
Definitivamente, a cantilena académica de que os fatores de produção são
remunerados à sua produtividade marginal e que nesse melhor dos mundos a
tecnologia comanda a repartição funcional do rendimento (salários/rendimento e
lucros/rendimento constantes) parece começar a não convencer. E
consequentemente será de recordar os velhos economistas de Cambridge (UK e não
de Massuchussets – EUA) que sempre consideraram que a explicação do
comportamento das relações salários/rendimento e lucros/rendimento, se bem que
possam ser influenciadas por elementos macroeconómicos como a inflação, será
sempre tributária da barganha social, ou seja das relações de força entre o
capital e o trabalho. E os tempos de hoje mostram isso mesmo. Os ventos são de
uma trágica desvalorização do trabalho. E a economia (política) não o pode
ignorar.
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