sexta-feira, 15 de maio de 2015

PIKETTY NA LSE




O Guardian anuncia que Thomas Piketty irá proximamente ocupar uma posição de relevo no novo International Inequality Institute (III) da London School of Economics, o que culmina a ascensão mediática meteórica do economista francês, anglo-saxonizado pela sua longa relação com a academia americana. Mas, mais importante do que a ascensão profissional de Piketty, cuja evolução de rendimentos provavelmente o colocará sob a alçada de parte das suas propostas sobre fiscalidade, o que interessa registar é o que isto significa do ponto de vista da importância global do tema da desigualdade no século XXI e como desafio maior, a par das turbulências e ganância do sistema financeiro, do capitalismo instalado.

A criação do III na LSE com Piketty como estrela é paralela à aposta do Luxemburg Income Study Center em Nova Iorque com os nomes de Krugman (vejam a imagem austera do novo gabinete do economista nesta instituição) e de Branko Milanovic. O mesmo se diga quanto à importância do tema no debate académico e político nos EUA, no qual se insere a recente publicação do novo The Great Divide de Stiglitz.

Definitivamente, a cantilena académica de que os fatores de produção são remunerados à sua produtividade marginal e que nesse melhor dos mundos a tecnologia comanda a repartição funcional do rendimento (salários/rendimento e lucros/rendimento constantes) parece começar a não convencer. E consequentemente será de recordar os velhos economistas de Cambridge (UK e não de Massuchussets – EUA) que sempre consideraram que a explicação do comportamento das relações salários/rendimento e lucros/rendimento, se bem que possam ser influenciadas por elementos macroeconómicos como a inflação, será sempre tributária da barganha social, ou seja das relações de força entre o capital e o trabalho. E os tempos de hoje mostram isso mesmo. Os ventos são de uma trágica desvalorização do trabalho. E a economia (política) não o pode ignorar.

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