segunda-feira, 18 de maio de 2015

O SENHOR 66




(Pessoal)

Não achei melhor escrito que as palavras iniciais de James Salter no Tudo que Conta (Livros do Brasil), acabadinho de ser dado à estampa e que hoje ofereci a mim próprio para assinalar a capicua dos 66, pedindo aos deuses que pelo menos mais uma capicua me seja concedida:

Chega uma altura em que percebemos que tudo é um sonho e só as coisas guardadas por escrito têm alguma possibilidade de ser reais.”

É uma boa alegoria para os 66 mas também justifica o projeto do blogue e sobretudo aquele tom do “para memória futura”.


Almoço em Tui para descontrair à boa maneira galega e tarde em Seixas para ver o verde inconfundível dos carvalhos que se consolida, já que nenhuma árvore me dava o encarnado que talvez fosse mais apropriado. E evidência empírica para uma matéria que vale a pena aprofundar mais tarde e que designaria pelo “paradoxo das vilas transfronteiriças”. O paradoxo enuncia-se assim: Tui situado em território com maior rendimento per capita e poder de compra (a Galiza) defina e declina sombriamente, embora ainda valha a pena petiscar por lá; Valença, inserida numa região de mais baixo rendimento per capita e poder de compra mais mediano, não revela pelo contrário sinais de declínio aparente, pelo menos tão evidente como o de Tui. A atração pela diferença do outro (não só em termos de preços) justifica uma transferência de rendimento mais volumosa do território de maior rendimento para o de menor rendimento? É o perfil de especialização urbano que conta?

Matéria para trabalho futuro.

Sem comentários:

Enviar um comentário