(Pessoal)
Não achei melhor escrito que as palavras iniciais de James Salter no Tudo que Conta (Livros do Brasil),
acabadinho de ser dado à estampa e que hoje ofereci a mim próprio para
assinalar a capicua dos 66, pedindo aos deuses que pelo menos mais uma capicua
me seja concedida:
“Chega
uma altura em que percebemos que tudo é um sonho e só as coisas guardadas por
escrito têm alguma possibilidade de ser reais.”
É uma boa alegoria para os 66 mas também justifica o projeto do blogue e
sobretudo aquele tom do “para memória futura”.
Almoço em Tui para descontrair à boa maneira galega e tarde em Seixas para
ver o verde inconfundível dos carvalhos que se consolida, já que nenhuma árvore
me dava o encarnado que talvez fosse mais apropriado. E evidência empírica para
uma matéria que vale a pena aprofundar mais tarde e que designaria pelo “paradoxo
das vilas transfronteiriças”. O paradoxo enuncia-se assim: Tui situado em
território com maior rendimento per capita e poder de compra (a Galiza) defina
e declina sombriamente, embora ainda valha a pena petiscar por lá; Valença,
inserida numa região de mais baixo rendimento per capita e poder de compra mais
mediano, não revela pelo contrário sinais de declínio aparente, pelo menos tão evidente
como o de Tui. A atração pela diferença do outro (não só em termos de preços)
justifica uma transferência de rendimento mais volumosa do território de maior
rendimento para o de menor rendimento? É o perfil de especialização urbano que
conta?
Matéria para trabalho futuro.
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