terça-feira, 12 de maio de 2015

O QUE ESTARÁ PARA ACONTECER?



Não sou, nem nunca serei um especialista de mercados financeiros. Mas a relevância da sua estabilidade ou instabilidade para observar que economias de mercado nos deixou a crise de 2007-2008 têm-me levado, contra as minhas expectativas de sempre, a gastar algum do meu ainda reduzido tempo disponível a mergulhar em notícias sobre esses mercados. E a experiência mostra-nos que a economia financeira com a sua fragilidade de endividamento não está imune a tais exuberâncias.

Os mercados de capitais estão agitados e multiplicam-se as especulações sobre o que estará para acontecer. O epicentro de toda a agitação está no comportamento recente dos yields da dívida alemã a 10 anos que, ao contrário dos tempos mais recentes, inverteu a tendência de baixa e começaram a subir. Devemos ter em conta que existe uma relação inversa entre o yield de um título de dívida de rendimento fixo e o seu preço de aquisição ou o seu preço corrente no mercado. Para um título que custou 40 euros e rende 1 euro, o yield reportado ao custo de aquisição é de 2,5%. Acaso o seu preço corrente desça para 20 euros por força de uma venda massiva em mercado, o yield corrente passará a ser de 5%. Não com estas taxas de referência, é algo que estará a acontecer por estes dias nos mercados de dívida. Seja porque os mercados estão a corrigir ganhos dos últimos tempos, seja porque a venda massiva de títulos de dívida pública reflete expectativas de subida de preços anunciadas pelo comportamento altista do preço do petróleo, a verdade é que se assistiu a um sell-off significativo de títulos de dívida a longo prazo, rebaixando preços correntes e incrementando os yields das obrigações de referência que são os títulos alemães a 10 anos, que subiram cerca de 0,05% para 0,5% e 0,8%.


Mas que importância tem este comportamento de instabilidade dos últimos dias. Não é indiferente saber se o comportamento dos últimos dias reflete uma tendência meramente conjuntural de correção de mercado ou se, pelo contrário, significa que a Europa e a zona euro terão ultrapassado de vez os riscos da deflação. E também não é indiferente do ponto de vista do impacto do esforço de quantitative easing que o Banco Central Europeu está a realizar no sentido de injetar liquidez na economia real, procurando que o crédito chegue finalmente à economia.

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