Não sou, nem nunca serei um especialista de mercados financeiros. Mas a
relevância da sua estabilidade ou instabilidade para observar que economias de
mercado nos deixou a crise de 2007-2008 têm-me levado, contra as minhas
expectativas de sempre, a gastar algum do meu ainda reduzido tempo disponível a
mergulhar em notícias sobre esses mercados. E a experiência mostra-nos que a
economia financeira com a sua fragilidade de endividamento não está imune a
tais exuberâncias.
Os mercados de capitais estão agitados e multiplicam-se as especulações
sobre o que estará para acontecer. O epicentro de toda a agitação está no
comportamento recente dos yields da
dívida alemã a 10 anos que, ao contrário dos tempos mais
recentes, inverteu a tendência de baixa e começaram a subir. Devemos ter em
conta que existe uma relação inversa entre o yield de um título de dívida de rendimento fixo e o seu preço de aquisição
ou o seu preço corrente no mercado. Para um título que custou 40 euros e rende 1
euro, o yield reportado ao custo de
aquisição é de 2,5%. Acaso o seu preço corrente desça para 20 euros por força
de uma venda massiva em mercado, o yield
corrente passará a ser de 5%. Não com estas taxas de referência, é algo que
estará a acontecer por estes dias nos mercados de dívida. Seja porque os
mercados estão a corrigir ganhos dos últimos tempos, seja porque a venda
massiva de títulos de dívida pública reflete expectativas de subida de preços
anunciadas pelo comportamento altista do preço do petróleo, a verdade é que se
assistiu a um sell-off significativo
de títulos de dívida a longo prazo, rebaixando preços correntes e incrementando
os yields das obrigações de referência
que são os títulos alemães a 10 anos, que subiram cerca de 0,05% para 0,5% e
0,8%.
Mas que importância tem este comportamento de instabilidade dos últimos
dias. Não é indiferente saber se o comportamento dos últimos dias reflete uma
tendência meramente conjuntural de correção de mercado ou se, pelo contrário,
significa que a Europa e a zona euro terão ultrapassado de vez os riscos da
deflação. E também não é indiferente do ponto de vista do impacto do esforço de
quantitative easing que o Banco
Central Europeu está a realizar no sentido de injetar liquidez na economia
real, procurando que o crédito chegue finalmente à economia.
Sem comentários:
Enviar um comentário