(Guardian)
Ainda sem resultados definitivos e com cerca de 30 lugares ainda por
distribuir, é clara a vitória dos Conservadores e da dupla Cameron-Osborne,
mesmo que a a maioria absoluta não esteja assegurada. Do ponto de vista dos
interesses deste blogue, a principal ilação a retirar destes resultados é que a
convicção manifestada por alguns economistas ingleses, Simon Wren-Lewis,
Jonathan Portes e até Martin Wolf do Financial Times , de que a política
macroeconómica da dupla Cameron-Osborne foi errada e poderia ter sido mais
expansionista não colheu a opinião do eleitorado. A opinião pública do
eleitorado no Reino Unido que se manifestou dominantemente nas urnas foi,
assim, favorável à política macroeconómica do governo conservador e validou o
processo de desmantelamento liberalizante de uma grande parte das instituições
e serviços públicos britânicos. Não me parece haver outra interpretação possível.
O quase desaparecimento dos LIB DEM, perfeitamente apagados na coligação
anterior, é na minha interpretação fruto da afirmação conservadora. E a própria
derrota trabalhista, se bem que possa ser imputada a um muito pouco convincente
Ed Miliband, também não pode deixar de ser interpretada à luz da validação
macro que os resultados eleitorais proporcionaram à política de
Cameron-Osborne.
O UKIP parece estar contido, mas sabe-se lá a que preço de cedências
conservadoras.
A ascensão meteórica dos nacionalistas escoceses no Parlamento evidencia
simplesmente que os eleitores pensaram que SPN de Nicola Sturgeon é o que
melhor protagoniza o desejo de independência rejeitado no último referendo ou
porque entenderam que a defesa dos seus interesses será melhor assegurada pelos
representantes do SPN no Parlamento do que, por exemplo, pelo Labour que se
apresentou a votos na Escócia. Escolha tão democrática como a que validou as
políticas de Cameron-Osborne.
Moral da história e principal ilação a reter: a validação democrática de
políticas menos austeritárias e favoráveis a um outro paradigma de gestão
macroeconómica não são favas contadas. A especificidade assumida dos ilhéus britânicos
não deve conduzir a uma desvalorização política destas ilações.
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