sexta-feira, 8 de maio de 2015

BRITISH ILAÇÕES

(Guardian)


Ainda sem resultados definitivos e com cerca de 30 lugares ainda por distribuir, é clara a vitória dos Conservadores e da dupla Cameron-Osborne, mesmo que a a maioria absoluta não esteja assegurada. Do ponto de vista dos interesses deste blogue, a principal ilação a retirar destes resultados é que a convicção manifestada por alguns economistas ingleses, Simon Wren-Lewis, Jonathan Portes e até Martin Wolf do Financial Times , de que a política macroeconómica da dupla Cameron-Osborne foi errada e poderia ter sido mais expansionista não colheu a opinião do eleitorado. A opinião pública do eleitorado no Reino Unido que se manifestou dominantemente nas urnas foi, assim, favorável à política macroeconómica do governo conservador e validou o processo de desmantelamento liberalizante de uma grande parte das instituições e serviços públicos britânicos. Não me parece haver outra interpretação possível.

O quase desaparecimento dos LIB DEM, perfeitamente apagados na coligação anterior, é na minha interpretação fruto da afirmação conservadora. E a própria derrota trabalhista, se bem que possa ser imputada a um muito pouco convincente Ed Miliband, também não pode deixar de ser interpretada à luz da validação macro que os resultados eleitorais proporcionaram à política de Cameron-Osborne.

O UKIP parece estar contido, mas sabe-se lá a que preço de cedências conservadoras.

A ascensão meteórica dos nacionalistas escoceses no Parlamento evidencia simplesmente que os eleitores pensaram que SPN de Nicola Sturgeon é o que melhor protagoniza o desejo de independência rejeitado no último referendo ou porque entenderam que a defesa dos seus interesses será melhor assegurada pelos representantes do SPN no Parlamento do que, por exemplo, pelo Labour que se apresentou a votos na Escócia. Escolha tão democrática como a que validou as políticas de Cameron-Osborne.

Moral da história e principal ilação a reter: a validação democrática de políticas menos austeritárias e favoráveis a um outro paradigma de gestão macroeconómica não são favas contadas. A especificidade assumida dos ilhéus britânicos não deve conduzir a uma desvalorização política destas ilações.

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