(A complexa relação
entre os bancos centrais e os financeiros)
No início da semana passada, a imprensa financeira deu conta de um registo
que não é uma simples circunstância e que nos dá que pensar sobre o paradigma
da independência dos bancos centrais. A questão da independência dos bancos
centrais é trivialmente discutida do ponto de vista das relações do banco
central com o poder político e tende a ignorar o plano das relações com os players que operam nos mercados
financeiros e de capitais.
Nos últimos tempos, há notícias de que o FED – USA está a ser investigado
por cedência indevida de informação a uma firma de investimentos a Medley
Global Advisors. No dia 18 de maio, ao fim da tarde em Londres, Benoît Coueré,
em encontro privado, no Imperial College
de Londres, com gestores de “Hedge Funds”, académicos e operadores financeiros,
deixava cair a informação de que o BCE iria intensificar a compra extraordinária
de títulos no mercado para compensar a desaceleração de aquisições no próximo
verão. Esta informação seria publicada oficialmente pelo BCE apenas 12 horas
depois. Como é previsível o comportamento do euro refletiu bem o facto de ao
fim da tarde de 18 de maio (em vez de estar a festejar a capicua dos 66 poderia
a estar a especular cambialmente) e só na manhã seguinte se ter alargado o
conhecimento do facto.
O BCE publicou entretanto uma explicação esfarrapada do lapso de não ter
sido publicada a informação oficial em termos simultâneos com a conferência de
Coueré no Imperial College.
Desta trapalhada ou mais do que isso, retiro a conclusão de que a independência
do Banco Central não pode ser apenas discutida do ponto de vista das suas relações
com o poder político. As suas relações com o universo dos players financeiros necessita
de ser melhor escrutinada.
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