segunda-feira, 25 de maio de 2015

FELIZARDO DÁ À COSTA (TAKE 2)




(Misérias da captura do Estado à portuguesa!)

O post do meu colega de blogue sobre o reaparecimento do personagem Felizardo (que faz bem por isso e se intromete no poder com a argúcia dos melhores) acerta na mouche e representa bem mais do que um fait-divers da vida política portuguesa. A INTELI é uma empresa de capitais maioritariamente públicos, tem o IAPMEI como o principal acionista, e não me perguntem como é chegou a essa estrutura de capital, e há sobre o seu promotor histórias longas para contar, que só um rigoroso escrutínio da génese de todo o processo poderá um dia esclarecer. A INTELI concorre em termos de lesa concorrência com empresas privadas no mercado de consultadoria que não têm a alavancagem do Estado a sustentá-las e pode questionar-se o que faz o Estado a participar numa empresa desta natureza. Mistérios?

A chegada de José Luís Felizardo às terras do Norte processou-se com a construção no pólo tecnológico da Maia do CEIIA – Centro de Excelência e Inovação da Indústria Automóvel, instituição fortemente apoiada no âmbito das políticas de inovação e desenvolvimento tecnológico com fundos estruturais do PO Regional Norte e do COMPETE, anteriormente do PO PRIME. O projeto acalentou a esperança de construção de um protótipo de automóvel de nova geração, terá fracassado nesse âmbito mas estou em crer que a valia da infraestrutura tecnológica está para além do poder persuasivo do Presidente da INTELI, que participa no capital da entidade, assumindo neste momento a instituição o comando técnico do cluster da mobilidade em Portugal. Sem o apoio do então ministro da Economia Luís Braga da Cruz, não creio que a boa sorte de José Luís Felizardo tivesse os resultados que tem tido. Na decisão de Luís Braga da Cruz terá estado a sua convicção de que o projeto da Maia poderia intensificar os linkages com a indústria de moldes a norte (Oliveira de Azeméis) e terá sido essa pedra de toque que Felizardo habilmente terá colocado no processo.

A inauguração do luxuoso edifício no fim da Circunvalação em Matosinhos representa a passagem do CEIIA para a indústria aeronáutica, também fortemente apoiada pelo PO Norte, numa estranha aliança com o Instituto Superior Técnico e o polo aeronáutico de Évora (Embraer)

Histórias que a política pública de inovação tece.

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