(Misérias da
captura do Estado à portuguesa!)
O post do meu colega de blogue
sobre o reaparecimento do personagem Felizardo (que faz bem por isso e se
intromete no poder com a argúcia dos melhores) acerta na mouche e representa
bem mais do que um fait-divers da
vida política portuguesa. A INTELI é uma empresa de capitais maioritariamente públicos,
tem o IAPMEI como o principal acionista, e não me perguntem como é chegou a
essa estrutura de capital, e há sobre o seu promotor histórias longas para
contar, que só um rigoroso escrutínio da génese de todo o processo poderá um
dia esclarecer. A INTELI concorre em termos de lesa concorrência com empresas
privadas no mercado de consultadoria que não têm a alavancagem do Estado a
sustentá-las e pode questionar-se o que faz o Estado a participar numa empresa
desta natureza. Mistérios?
A chegada de José Luís Felizardo às terras do Norte processou-se com a
construção no pólo tecnológico da Maia do CEIIA – Centro de Excelência e Inovação
da Indústria Automóvel, instituição fortemente apoiada no âmbito das políticas
de inovação e desenvolvimento tecnológico com fundos estruturais do PO Regional
Norte e do COMPETE, anteriormente do PO PRIME. O projeto acalentou a esperança
de construção de um protótipo de automóvel de nova geração, terá fracassado nesse
âmbito mas estou em crer que a valia da infraestrutura tecnológica está para além
do poder persuasivo do Presidente da INTELI, que participa no capital da
entidade, assumindo neste momento a instituição o comando técnico do cluster da
mobilidade em Portugal. Sem o apoio do então ministro da Economia Luís Braga da
Cruz, não creio que a boa sorte de José Luís Felizardo tivesse os resultados
que tem tido. Na decisão de Luís Braga da Cruz terá estado a sua convicção de
que o projeto da Maia poderia intensificar os linkages com a indústria de moldes a norte (Oliveira de Azeméis) e
terá sido essa pedra de toque que Felizardo habilmente terá colocado no
processo.
A inauguração do luxuoso edifício no fim da Circunvalação em Matosinhos
representa a passagem do CEIIA para a indústria aeronáutica, também fortemente
apoiada pelo PO Norte, numa estranha aliança com o Instituto Superior Técnico e
o polo aeronáutico de Évora (Embraer)
Histórias que a política pública de inovação tece.
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