terça-feira, 19 de maio de 2015

O ANO DA MORTE DE...



Tenho assim como que um pressentimento muito forte de que uma era chegou ao fim. Embora não saiba concretizar em toda a sua extensão o verdadeiro alcance daquilo de que estou a querer falar.

Há, no entanto, três pontos que tenho desde já por adquiridos:

· Julen Lopetegui será talvez um bom treinador, mas fez tudo errado em cada hora expectavelmente certa – começou a liga com rotações de jogadores em excesso que lhe valeram perdas escusadas de pontos, foi vergonhosamente eliminado da Taça de Portugal em casa com o Sporting, perdeu indecorosamente no Funchal contra o Marítimo, soube que o Benfica perdera em Vila do Conde e não conseguiu que a sua equipa tivesse a chama necessária para vencer o Nacional logo de seguida, abusou da crença na Champions e foi eliminado da Taça da Liga pelo Marítimo, foi a Munique jogar à defesa com uma equipa de ataque e levou seis, afastou covardemente Fabiano da baliza, jogou na Luz para não perder num momento em que não podia deixar de jogar para ganhar, meteu-se com Jesus na pior altura e da pior maneira, patrocinou a entrega do título ao Benfica sendo complacente perante uma indesculpável exibição em Belém, onde ainda teve tempo para fazer três provocações de uma assentada (perante o golo do Belenenses, meter o afilhado Adrián López aos 85 minutos com Aboubakar no banco; absurdamente insensível ao simbólico, mostrar o seu desespero ajoelhando no relvado, como Jesus fizera há dois anos no Dragão; incapaz de um óbvio ato de contrição, declarar que ele e a equipa fizeram muitas coisas bem durante a época);


· com o passar dos anos, tem vindo a sofrer machadadas sucessivas a até há pouco unanimemente reconhecida qualidade da gestão desportiva e financeira do FCPorto, disso sendo apenas sinais factualmente mais visíveis os afastamentos sucessivos de Domingos Matos, Fernando Gomes e Angelino Ferreira, o endividamento e o crescimento desmesurado do orçamento do futebol profissional e uma incompreensível política de alta formação on job de jogadores ao serviço de outrem (veja-se o caso absolutamente ímpar deste ano, com Óliver Torres como principal expoente), para já não falar de uma administração cada vez menos persistente enquanto a voz de comando de outros tempos e cada vez mais reduzida a uns esperneanços arrogantes e gratuitos;


· o adversário, e falo do Benfica obviamente porque o Sporting é ainda aquela nulidade que alimenta as patetices de Brunos e Barrosos, tem vindo a mudar para muito melhor, prosseguindo uma estratégia que Luís Filipe Vieira parece ter sabido montar discretamente ao fazer-se rodear de gente sabedora e apaixonada (Moniz, Rui Gomes da Silva, João Gabriel e Rui Costa são apenas manobras de diversão!): foco numa política financeira consistentemente assente no desendividamento bancário, ainda que à custa de um forte desinvestimento na equipa de futebol, e numa política desportiva virada para a estabilidade técnica (seis anos de Jesus, designadamente) e a ser gradualmente preparada para o aproveitamento da academia, sem esquecer o reforço do profissionalismo e das competências, a eficaz exploração do potencial da marca (veja-se, p.e., a “Benfica TV”), o caráter crescentemente cirúrgico e ajustado das declarações presidenciais, a inteligência dos posicionamentos institucionais e uma atenção que presumo continuada ao dossiê das arbitragens.


Aqui chegado, o meu pressentimento torna-se praticamente avassalador, tendencialmente insuscetível de ser contrariado. Mas até pode ser que me engane (se Deus quiser...), seja porque a separação entre o trigo e o joio sofra algum retrocesso para os lados da Luz seja porque um dos raros erros cometidos por Jorge Nuno Pinto da Costa possa ser novamente revertido. Sendo que em nenhuma circunstância serei capaz de seriamente beliscar o incomensurável reconhecimento que tenho em relação ao presidente do clube da minha preferência/paixão: chegou à presidência do FCPorto em 1982, num momento em que o palmarés do clube se limitava a sete títulos nacionais, quatro taças e uma supertaça, e trinta e três anos depois foi um importante protagonista na conquista de duas Taças dos Campeões/Liga dos Campeões, duas Taças Intercontinentais, duas Taças UEFA/Liga Europa, uma Supertaça Europeia, vinte campeonatos (incluindo um “penta”), doze taças e dezanove supertaças. Veremos se já terei mesmo tido a minha dose...

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