(Esta capa do Economist tinha-me escapado, vá lá saber-se porquê, eu que recebo a revista em papel associada à assinatura digital. O interessante da questão é que podemos associar a perigosidade de Taiwan à questão complexa que envolve a sua existência como país independente, na qual grande parte do Ocidente se revê, ou como fazendo parte da China como a política externa chinesa pretende fazer passar. A história é aqui, como na generalidade de casos similares, fundamental para se compreender o que está em jogo. Mas, alertado por um precioso conjunto de tweets do Science is Strategic, @scienceisstrat1, compreendo que há razões económicas mais profundas para tal perigosidade ser compreendida e, por mais estranho que possa parecer, isso está relacionado com a passagem à irrelevância de uma empresa como a INTEL na área dos microprocessadores. Estranho? Não muito, sobretudo se estivermos atentos à profunda transformação que as questões da inteligência artificial vieram trazer também à produção de chips.)
A velocidade à qual tem evoluído à conceção e produção de semicondutores avançados é impressionante e o incremento da inteligência artificial acelerou de forma decisiva esse processo. Uma das razões, pela evidência que pude recolher, é que a tecnologia da inteligência artificial exige processadores avançados específicos. Isso explica, por exemplo, a nova estrela nestes domínios da NVIDIA, já que segundo a UBS (ver o thread de tweets do Science is Strategic), o ChatGpt exige 10.000 chips NVIDIA. Tal requisito explica que a nova “rising star” represente já 80% do mercado, ocupando a INTEL uma posição bastante inferior.
A história da tecnologia está cheia destes casos ilustrativos de ultrapassagem e declínio, acontecendo hoje que a INTEL passou de forma relativamente rápida de uma posição de completo domínio na conceção e produção de semicondutores avançados para uma posição bastante secundária.
Em simultâneo, a produção de tecnologia de Chips atravessa também uma grande mudança, emergindo a empresa TSMC como a grande fornecedora para todas as empresas presentes no mercado, incluindo a própria INTEL. E aqui é que emerge a questão Taiwan. Segundo os números do thread nº 10 do Science is Strategic, o mundo hoje depende em 90% de Taiwan (a TMSC está aí localizada) em matéria de semicondutores avançados, cabendo à Coreia do Sul a restante parte.
O que significa que a perigosidade de Taiwan não se explica apenas pela ameaça de invasão chinesa. O problema é que o mundo depende praticamente dessa fonte de abastecimento em matéria de semicondutores avançadas e não é preciso ser futurologista para compreender o grande problema que seria essa fonte de abastecimento estar bloqueada ou ficar aprisionada sob a influência chinesa.
O que dirá o Chat GPT desta matéria?
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