“Isto é que é conversa académica!”, sintetizou alguém o sentido da tarde de hoje no Auditório da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). E assim foi, com efeito. Numa organização da Comissão de Ética (José Francisco Meirinhos) e da Direção da FMUP (Altamiro da Costa Pereira), ali se juntaram diversos professores de várias áreas de especialidade e de diferentes unidades orgânicas da Universidade para discutir a candente questão da Inteligência Artificial e o seu potencial impacto no Ensino Superior (“ChatGPT, Que Modelos de Aprendizagem para o Ensino Superior?”). O seminário foi marcado pela excelente qualidade dos contributos presentes, sobretudo no primeiro painel em que seis personalidades (Mário Fernandes da Geografia, Ricardo Correia da Medicina, Diniz Cayolla Ribeiro de Antropologia e Artes Visuais, Diana Urbano da Engenharia, Rui Sousa Silva da Linguística e Emília Dias Costa do Design) trouxeram brilhantemente a conhecimento a sua recente experiência exploratória na matéria (incluindo alguns momentos deliciosos) e as suas esperanças e angústias quanto à evolução da mesma e às possibilidades próprias de a aproveitar em favor de modelos pedagógicos disruptivos e mais eficazes. Também constaram incursões pelas decisivas dimensões éticas, jurídicas e regulatórias, tudo num fascinante quadro misto de pasmo, estranheza, receio e sedução. Mesmo tendo ficado claro que, apesar de tudo, o pior talvez ainda possa acabar por vir dos homens, ou seja, da inteligência natural, o que de essencial ficou no ar foi a necessidade de aprofundamentos adicionais em relação ao tão pouco que ainda se conhece de uma ferramenta que todos assumiram como incontornável mas não isenta de fragilidades e perigos (veja-se abaixo a foto do Papa Francisco vestido com um kispo branco da marca Balenciaga, afinal o primeiro evento verdadeiramente viral de desinformação a partir de uma plataforma de Inteligência Artificial, segundo a “Time”). E também, muito decisivamente, a importância de tal ocorrer em profícuos contextos de intercâmbio e interdisciplinaridade.
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