Agora no “Contrapoder” e em outras intervenções avulsas na antena da CNN Portugal, Sérgio Sousa Pinto (SSP) vai-se tornando um dos nossos mais capazes e credíveis comentadores televisivos. Menos pelas suas preocupações de rigor formal e factual do que pela sua afirmação de princípios e, essencialmente, pela sua postura de homem livre e largamente desligado de quaisquer vínculos e amarras que não as do seu próprio pensamento e das suas próprias leituras dos acontecimentos em análise.
Assim iniciou ele na Sexta-Feira o seu comentário: “Até por dever de ofício, eu se calhar tinha obrigação de ser um especialista nestes meandros, de ouvir atentamente as declarações de fulano e de sicrano e ter uma opinião sobre elas com uma certa autoridade. Mas devo dizer, e se calhar nisso estou em linha com a maioria dos portugueses, que já perdi o fio à meada, já não tenho o menor interesse nas bicadas que o Presidente da República dá primeiro-ministro, nas justificações que o primeiro-ministro dá ao Parlamento, nas perguntas feitas através da comunicação social pelo PSD, nas respostas igualmente feitas através da comunicação social pelo primeiro-ministro, sinceramente eu pergunto: a quem é que isto ainda interessa? Só espíritos retorcidos e profundamente incapazes de compreender quais são as grandes questões nacionais! O que é que interessam estas histórias, já estou farto, falamos de secretários de Estado que ninguém sabia que existiam, mas que é que isto verdadeiramente interessa ao País? Podemos continuar a dissecar isto, se foi o secretário de Estado, se foi a chefe de gabinete, se foi o pessoal da limpeza, acho que o País está farto e eu estou saturado; e estou solidário com todos os portugueses que estão saturados.” Na mouche!
Porque, de facto, já não há pachorra para tanta conversa especulativa em torno do computador do adjunto, da intervenção do SIS e da demissão de Galamba, ademais com Marcelo e Costa a virem em permanência à liça para umas pouco consentâneas bicadas recíprocas. O que SSP também invocou de modo pertinente, assim: “Mas nós não somos Presidente da República, há um que é. Tenciona fazer alguma coisa? Não tenciona, cale-se, não vale a pena continuar a atormentar-nos. Quer um desgaste lento do Governo? Quer um desgaste rápido? Quer demitir o Governo? O que é que quer o Presidente? Se não quer nada, cale-se, cale-se, preste esse serviço ao País.”
Fica a expressão do irritado desabafo de SSP, com a devida assinatura por baixo da minha parte e, estou certo, da larga maioria dos cidadãos nacionais. Sem prejuízo do facto de que, como aqui deixei dito ontem, algo ― apenas não sabemos o quê e quando ― poderá estar para emergir no meio do autêntico pântano em que vamos vivendo...
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