Li num fôlego o primeiro e quase inclassificável romance de Anabela Mota Ribeiro. Certamente pela curiosidade que de mim se apoderou quando encontrei o livro nos escaparates da FNAC e da Bertrand, aguçada ela pela amizade que me une à autora e ao seu marido José António Pinto Ribeiro, mas mais ainda pela cadência e pelo caudal da escrita que se me revelava à medida que sofregamente evoluía pela obra adiante. O texto é belo e intenso a diversos títulos e de muitos modos, incluindo a sua inicial filiação pandémica (visível na estrutura cronológica com que arranca) e a sua larga dimensão autobiográfica com uma corajosa e indisfarçada exposição de intimidade. Como me referiu a Anabela quando lhe escrevi a saudar a qualidade do que lera, “o livro fala de maneira diferente com as mulheres” e concordo que esse seja um dos seus inquestionáveis ativos; no entanto, e a meu ver, começa por ser na multiplicidade de confissões e de memórias que reside a força da surpreendente ficção de Anabela. Aí e depois também na mensagem de esperança que resulta em termos finais, vencidas a doença e a revolta e imposta a calma inevitabilidade de seguir em frente como lhe é intrínseco. O lançamento no Porto é no Sábado na Galeria da Biodiversidade e promete alguns momentos bonitos, como igualmente sucederá em breve aquando da publicação de um segundo romance já em estado adiantado de preparação.
quarta-feira, 28 de junho de 2023
UM NOVO TALENTO DE ANABELA
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