Uma breve nota de veemente protesto para não deixar passar em branco ― ou seja, e melhor dizendo, para não contribuirmos daqui para que pareça branqueado ― o imenso cinismo da sociedade de que somos parte integrante.
Paz às cinco almas falecidas na “implosão catastrófica” do submersível Titan, desaparecido no Atlântico Norte aquando de uma descida aos destroços do Titanic, mas sempre haverá que convir que foi profundamente chocante assistir à exaustiva cobertura mediática (nacional e internacional, diga-se) deste desastre ocorrido num contexto de turismo luxuoso e altamente arriscado e compará-la com a quase ausência de atenção relativamente à que acontecera, poucos dias antes, no naufrágio em águas profundas ao sul da Grécia de uma embarcação vinda da Líbia e transportando centenas de migrantes (incluindo cem crianças) em busca de um qualquer futuro.
Que raio de seletividade informativa é este? Só o humor negro de Corinne Rey consegue transportar-nos com aparente graça ao absurdo da comparação que sugiro. Quanto ao mais, apenas fica a sobrar o enorme peso dos sofrimentos vividos e das lágrimas perdidas no mar...
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