Cada vez mais dou comigo a pensar que “isto não é uma vida”! Não, não se trata essencialmente de uma consciencialização do envelhecimento que já se vai fazendo sentir, sobretudo porque a força da energia que subsiste e da curiosidade intelectual que impera ainda ajudam a protelar possíveis desistências e/ou naturais manifestações depressivas. Trata-se bem mais, como já aqui dizia no post de abertura do mês passado, de uma certa “desadaptação aos tempos”. Estes tempos em que se pressente quanto o criminoso peso do desligamento dos poderosos pode acabar por causar roturas políticas de brutal monta. Estes tempos em que igualmente se pressente quanto o insuportável fardo do deslaçamento pode acabar por causar roturas sociais de dimensão imprevisível. Estes tempos em que as convicções resistem essencialmente intactas mas tendem a ser desafiadas, e quase até a vacilar no concreto, perante a incompetência, o cinismo e a desfaçatez dos protagonistas que eram supostos serem os seus melhores intérpretes e garantes.
(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)
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