quinta-feira, 15 de junho de 2023

MAU MOEDAS

Considerando a estranha agenda atual do “Tal & Qual” (que, apesar de ainda apresentar o nome do seu fundador Joaquim Letria em cabeçalho, pouco ou nada tem a ver com o que o jornal já foi), a sua manchete de hoje é bastante surpreendente e deve necessariamente explicar-se por razões muito próprias e não certamente as mais aceitáveis.

 

Mas, dito isto, a verdade é que Carlos Moedas ― após uma passagem capaz (abstraindo do conteúdo da política) no governo de Passos, um razoável mandato enquanto comissário europeu e um regresso aplaudido para funções de administração na Gulbenkian ― se conseguiu tornar muito rapidamente num político irrelevante e bastante inconsequente, algo risível até. A candidatura a Lisboa, mesmo que vitoriosa (saliente-se que por inteiro demérito de Medina), foi paupérrima e teve momentos quase hilariantes de inocência e infantilidade. A chegada ao poder voltou a ser inenarrável, qual criança a agarrar-se avidamente à sua “cadeira de sonho” na única cidade pela qual declarou que tudo iria deixar em nome de uma ambição de serviço sem paralelo e sem prazo (mesmo para todo o sempre, se possível). Os episódios em torno da Jornada Mundial da Juventude mostraram-no novamente cheio de uma excentricidade discursiva e moralista que se lhe desconhecia naqueles porfiados moldes (será verdade, o que aliás faria o pleno, que Moedas mandou tapar o “falo” do escultor Cutileiro na estátua do Parque Eduardo VII?).

 

Por fim, dizem-me de facto alguns lisboetas amigos, a gestão da Capital parece largamente à deriva em múltiplas dimensões impactantes no dia-a-dia dos cidadãos, apenas me atrevendo a discordar do T&Q na explicação da respetiva razão de ser que não estará tanto numa preocupação do presidente com o seu futuro político (que também existe, mas parece relativamente secundarizada por motivos conjunturais de natureza partidária ― até Marcelo já tirou “o cavalo da chuva” em relação ao seu potencial de liderança do PSD! ― e talvez pela presença pontual em Moedas de alguns sobrantes resquícios de autoconsciência) mas mais em sedes predominantemente associadas a escassez de competências e à aflitiva fragilidade das equipas de trabalho que o acompanham.

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