O “El País” de hoje apresenta-se como um game changer no tocante ao que poderá ocorrer em Espanha a 23 de julho. De facto, após o relativo choque das eleições locais e quando tudo parecia indicar que os dias de Pedro Sánchez estavam contados (infografia e vinheta imediatamente abaixo) e que Alberto Feijóo tinha o caminho aberto para a Moncloa (com ou sem o Vox seria a grande questão em aberto, embora sem se dever esquecer a postura e o papel de Isabel Ayuso), os dados hoje surgidos apontam para a possibilidade de a Direita, mesmo considerada junta, não lograr maioria parlamentar se a esquerda à esquerda do PSOE (ou seja, a plataforma “Sumar” da vice-presidente do Governo Yolanda Díaz e a coligação “Unidas Podemos”, onde pontua Pablo Iglésias) viesse a apresentar-se a escrutínio em termos conjuntos.
Se à situação assim descrita ainda juntarmos a especial sagacidade de Pedro Sánchez, nesse misto de argúcia e manha que o carateriza e a que importa não deixar de acrescentar uma ferocidade política e um engenho discursivo que o nosso Costa manifestamente não possui, temos reunidos todos os ingredientes necessários para que este mês e meio espanhol vá ser politicamente épico e feito de grandes emoções. Claro que não faltarão também ensinamentos de múltiplos tipos para serem retirados do lado de cá, e não apenas no setor mais à direita do espetro político. Por ora, os motores aquecem e os protagonistas vão tomando os seus lugares para uma contenda seguramente histórica.
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