domingo, 25 de junho de 2023

UMA OUTRA BOA FORMA DE OLHAR PARA O PORTUGAL DE HOJE

Não se trata aqui de uma réplica ao importante post do meu colega do lado sobre uma outra forma de olhar para a economia portuguesa, mas mais de uma certa complementaridade de perspetiva em relação a algumas coisas que por aqui vamos sublinhando e afirmando ao longo dos anos. No caso, a essência do argumentário provém da crónica de Miguel Sousa Tavares desta semana no “Expresso”, bem escrita como sempre e bastante provocadora como é apanágio do autor mas largamente na mouche do meu modesto ponto de vista. Veja-se, e só através das gordas: “deixámos de pensar o país e o seu modelo de desenvolvimento”, “entrámos num processo de deixar andar, enquanto as coisas se forem aguentando e houver dinheiro europeus que não nos obriguem a pensar demais” e “não avançamos, caminhamos sem sentido, sem saber para onde vamos”. Um feeling que alastra em mancha de óleo pela sociedade portuguesa, sobretudo por aquela sua componente mais preparada e atenta às grandes questões e aos bloqueios e capturas que as dominam. Querem um bom exemplo? Aí está ele naquela que foi, para mim, a notícia do fim-de-semana: a contestação pelo CRUP do acordo com três universidades americanas, um negócio de mais de três centenas de milhões de retorno duvidoso, altamente dirigido institucionalmente (parece que só ao Técnico cabem 70% das contratualizações envolvidas) e correspondendo a quase tanto quanto alcança o financiamento de toda a rede de laboratórios associados. Do pouco que é do meu conhecimento, desvios desta natureza imperam por quase todo o lado no nosso querido Portugal do centralismo e dos seus tolerantes amigos alimentados a migalhas que vão dando para satisfazer os vícios possíveis do “melhor que nada”.


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