Um gosto enorme ter ido ontem ao final da tarde até à Casa das Artes para uma visita guiada à exposição “Poetas Mal Copiados”, uma seleção de obras do meu bom amigo Rui Aguiar organizada pela associação COARA a partir de um conjunto de obras recuperadas do espólio do artista (traduzindo o seu esforço “para se entender o ambiente artístico português dos últimos 50 anos” e “os diversos caminhos que a liberdade política do pós-25 de Abril permitiu”), nomeadamente o que designa por “más copias” de Poetas (Fernando Echevarría, Mário Cláudio, Mário Brochado Coelho, José Carlos Marques e Rita Moreira) com os quais teve ou tem tido relações de amizade e de colaboração artística. Estão expostos, em diversos suportes (pintura, imagens digitais, pequenos vídeos), trabalhos do início da atividade artística, dos anos 80 e outros mais recentes. A anteceder, uma interessante troca de palavras e reflexões entre Rui Aguiar, Laura Castro, Jorge Velhote e Rita Moreira (lendo poemas de Marta Seixas) ― com destaque para algum compreensível inconformismo perante a fase mais recente de “rendição ao vídeo” (“eu sou a Rosa Ramalho dos vídeos, reduzido ao meu cantinho perante a enorme sofisticação do digital dos dias de hoje”) ― e para a projeção de uns belíssimos “Mondrianescos” ao som de Mozart por Antoine Hervé. A caminho dos 80, o Rui permanece o mesmo de sempre na força da sua personalidade e convicções, na sua incomparável generosidade e na discrição sincera com que expressa os seus afetos.
sexta-feira, 30 de junho de 2023
VER E OUVIR O RUI
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