quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

GLOBALIZAÇÃO E DESIGUALDADE


Um interessante gráfico de John Gapper no “Financial Times”, ainda no rescaldo da exortação apostólica de novembro do Papa Francisco denunciando o capitalismo moderno pela idolatria do dinheiro que vem promovendo e pela crescente desigualdade no mundo que tem provocado.

Renunciando por ora a uma leitura mais detalhadamente critica dos objetivos do autor, entre os quais o de demonstrar os benefícios associados à globalização (designadamente em termos de redução das desigualdades à escala internacional), fico-me por um registo dos principais grupos mundiais vencedores e vencidos ao longo de todo o período áureo da globalização (dos finais dos anos 80 à crise de 2007/08), o qual surge claramente traduzido no gráfico através das taxas de crescimento real dos respetivos rendimentos.

Com crescimentos mais salientes, o grupo dos “muito ricos” (detentores de rendimentos situados no intervalo correspondente aos 10% mais elevados e, dentro destes, os top 1%) e os trabalhadores dos países emergentes (China e Índia, sobretudo) que lograram abandonar os seus níveis anteriores de pobreza. Ao invés, e com pior desempenho, o grupo dos “muito pobres” (detentores de rendimentos situados no intervalo correspondente aos 5% mais baixos) e o conjunto da classe média das sociedades ocidentais mais industrializadas.

Em síntese: a globalização implicou que os mais ricos se tornassem cada vez mais ricos e que os mais pobres se tornassem cada vez mais pobres, pesem embora os muitos milhões de pessoas que viram as suas condições de vida melhoradas e assim determinaram médias mais altas e indiciadoras de uma situação global aparentemente menos gravosa. Sendo que esta tendência, que apresenta todos os traços de estrutural, tem o seu simétrico no relevante alargamento do gap de rendimentos verificado no interior das economias desenvolvidas. O mundo a mudar...

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