quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PORQUE NÃO TE CALAS? (16)

(João Fazenda, http://visao.sapo.pt)

A “Mensagem de Ano Novo” do “Presidente da República” é uma peça que define um personagem já fora do seu tempo. Não que a criatura não cumpra a sua obrigação constitucional ao fazer “votos de que 2014 seja um tempo de mais esperança”, mas é aflitiva a sua presença desarticulada e desajustada tanto quanto é arrepiante o seu discurso completamente fechado no pequeno mundo que inventou para melhor poder alimentar o seu incomensurável narcisismo, disfarçar a sua enorme covardia e praticar a sua gigantesca desonestidade intelectual.

Senão vejamos: “o desemprego manteve-se em níveis muito elevados” e “muitos jovens tiveram de procurar no estrangeiro oportunidades de futuro que não encontraram no seu país” mas, “apesar da redução dos padrões de bem-estar, a liberdade e os direitos de cidadania não foram postos em causa” e “orgulhamo-nos de viver numa democracia consolidada e estável, num regime onde os cidadãos gozam de direitos fundamentais que não podem deixar de ser respeitados”. Brilhante, não?

E mais: “há razões para crer que Portugal não necessitará de um segundo resgate” e “temos razões para contar com o apoio dos nossos parceiros europeus no acesso aos mercados financeiros”, porque “seria elevado o risco de regredirmos para uma situação mais gravosa do que aquela em que atualmente nos encontramos”. Sendo que “um novo programa de assistência financeira (...) significaria a continuação da política de austeridade e a deterioração da credibilidade e da imagem de Portugal”, enquanto “um programa cautelar é uma realidade diferente”. Como veremos!

A única dúvida em mim remanescente é do foro meramente académico: será mesmo Cavaco o melhor intérprete da intelligentzia portuguesa no atual momento histórico? É que não vejo quase ninguém que conte a dizer-se envergonhado, pelo menos pedindo desculpa por ter votado no homem ou declarando-se isento de culpas por não o ter feito..

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