sábado, 16 de janeiro de 2016

A CAPA DO THE ECONOMIST




(Os acontecimentos de Colónia e em outras cidades alemãs, embora sem evidência segura de que tenham sido concertados, suscitaram uma discussão incontornável para que a absorção de refugiados atinja resultados mais positivos)

Embora não partilhe a sua linha ideológica, sou fiel ao Economist há já algum tempo. Parece um paradoxo mas não é. Gosto da frontalidade da revista e da sua coerência. Gosto de imprensa que se assume e que mostre ao que vem. Detesto a imprensa que se diz independente e que não o é e que utiliza essa falsa independência para vender gato por lebre. 


Na matéria que está implícita nos acontecimentos de Colónia, o politicamente correto será fatal para a preservação dos valores europeus. Como sempre o Economist aborda-o com frontalidade: “To absorb newcomers peacefully, Europe must insist they respect values such as tolerance and sexual equality (Para acolher os recém-chegados pacificamente, a Europa deve insistir para que respeitem os valores da tolerância e da igualdade sexual.”

Não se pode ser mais direto, sem evasivas. Há de facto uma linha, a de alguns valores europeus que não queremos perder, que não pode ser ultrapassada, os da tolerância e da igualdade entre sexos. Podemos compreender que os refugiados venham de sociedades em que os direitos da mulher não existem e onde são no quotidiano remetidas para uma inferioridade insuportável. Podemos compreender mas não podemos admitir que se ultrapasse aquela linha. Ao abrigo do princípio da tolerância que está no nosso corpo de valores e que algumas forças políticas europeias querem destruir não é admissível que deixemos que esses valores sejam conspurcados por modelos culturais que remetem a mulher para a inferioridade. Por isso, a reação aos acontecimentos de Colónia não pode ser timorata ou politicamente correta. Os prevaricadores devem ser duramente condenados, se forem refugiados paciência.

Exemplar foi a reação das feministas alemãs que reagiram com dureza contra a violência sexual de que foram vítimas e simultaneamente se distanciaram do aproveitamento grotesco que a extrema-direita alemã praticou. Admito que os Europeus tenham poucos valores de que possam orgulhar-se, mas deixar que violem os mais sagrados rebaixaria a Europa para além do suportável.

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