(Os acontecimentos
de Colónia e em outras cidades alemãs, embora sem evidência segura de que tenham sido concertados, suscitaram
uma discussão incontornável para que a absorção de refugiados atinja resultados
mais positivos)
Embora não partilhe a sua linha ideológica, sou fiel ao
Economist há já algum tempo. Parece um paradoxo mas não é. Gosto da frontalidade
da revista e da sua coerência. Gosto de imprensa que se assume e que mostre ao
que vem. Detesto a imprensa que se diz independente e que não o é e que utiliza
essa falsa independência para vender gato por lebre.
Na matéria que está implícita nos acontecimentos de Colónia,
o politicamente correto será fatal para a preservação dos valores europeus. Como
sempre o Economist aborda-o com frontalidade: “To
absorb newcomers peacefully, Europe must insist they respect values such as
tolerance and sexual equality (Para acolher os recém-chegados pacificamente, a
Europa deve insistir para que respeitem os valores da tolerância e da igualdade
sexual.”
Não se pode ser mais direto, sem evasivas. Há de facto uma
linha, a de alguns valores europeus que não queremos perder, que não pode ser
ultrapassada, os da tolerância e da igualdade entre sexos. Podemos compreender
que os refugiados venham de sociedades em que os direitos da mulher não existem
e onde são no quotidiano remetidas para uma inferioridade insuportável. Podemos
compreender mas não podemos admitir que se ultrapasse aquela linha. Ao abrigo
do princípio da tolerância que está no nosso corpo de valores e que algumas
forças políticas europeias querem destruir não é admissível que deixemos que
esses valores sejam conspurcados por modelos culturais que remetem a mulher
para a inferioridade. Por isso, a reação aos acontecimentos de Colónia não pode
ser timorata ou politicamente correta. Os prevaricadores devem ser duramente condenados,
se forem refugiados paciência.
Exemplar foi a reação das feministas alemãs que reagiram
com dureza contra a violência sexual de que foram vítimas e simultaneamente se
distanciaram do aproveitamento grotesco que a extrema-direita alemã praticou. Admito
que os Europeus tenham poucos valores de que possam orgulhar-se, mas deixar que
violem os mais sagrados rebaixaria a Europa para além do suportável.
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