(Via o sempre atento
Tim Taylor do Conversable Economist, somos conduzidos a um relatório de investigação do Crédit Suisse que
parece descortinar novas tendências na globalização)
Há já alguns dias anotei que o pós 2007-2008 nos trouxera
alterações relevantes nas três dimensões mais conhecidas da globalização: a das
mercadorias e serviços (globalização económica), a dos capitais (globalização
financeira) e a dos movimentos internacionais de pessoas (a globalização dos
fluxos de pessoas).
Na primeira, pela primeira vez desde há longo tempo, o rácio
a nível mundial entre as Exportações e a Produção Mundial estancou. Na segunda,
está cada vez mais generalizada a ideia de que manter a todo o custo e não
atendendo às circunstâncias a livre circulação de capitais pode colocar os países
com riscos de saídas abruptas de capitais em maus lençóis. A terceira tem,
pelos piores motivos, estado no centro das atenções. Assistimos a movimentos em
massa de refugiados que não é propriamente o que em regra é associado à
globalização de pessoas. Quando as três dimensões cruciais do processo parecem
passar por problemas não se pode dizer que o mesmo viva os seus melhores dias.
Tim Taylor, no Conversable
Economist, leva-nos a uma peça de investigação do Crédit Suisse que parece
encontrar nos rumos da globalização uma alteração de estrutura, mais
propriamente na sua dimensão económica. Diz-nos a equipa de investigação do
banco suíço que a globalização económica estará a assumir uma natureza muito
mais multipolar do que a que tornou possível o aumento sucessivo do rácio “Exportações/Produção
Mundial”. Teríamos assim uma globalização multipolar e o indicador que os
investigadores mais utilizam como argumento é o enorme crescimento dos acordos regionais
de comércio em relação à regulação anteriormente exercida por acordos
celebrados no quadro da Organização Mundial do Comércio. A outra evidência utilizada
é o contraste entre a persistente globalização dos modos de consumo, de natureza
padronizadora pelo menos nos consumos de massa, e o facto do investimento empresarial
fora de portas estar a diminuir. Globalizar pelas vendas, sim ao passo que globalizar
por via do investimento impõe algumas cautelas e uma melhor ponderação.
Para esta evidência, em meu entender têm contribuído
outros fatores de fratura de natureza política, religiosa, étnica, com os quais
as três dimensões da globalização não convivem bem.
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