terça-feira, 12 de janeiro de 2016

UM MUNDO GLOBAL MULTIPOLAR?




(Via o sempre atento Tim Taylor do Conversable Economist, somos conduzidos a um relatório de investigação do Crédit Suisse que parece descortinar novas tendências na globalização)

Há já alguns dias anotei que o pós 2007-2008 nos trouxera alterações relevantes nas três dimensões mais conhecidas da globalização: a das mercadorias e serviços (globalização económica), a dos capitais (globalização financeira) e a dos movimentos internacionais de pessoas (a globalização dos fluxos de pessoas).

Na primeira, pela primeira vez desde há longo tempo, o rácio a nível mundial entre as Exportações e a Produção Mundial estancou. Na segunda, está cada vez mais generalizada a ideia de que manter a todo o custo e não atendendo às circunstâncias a livre circulação de capitais pode colocar os países com riscos de saídas abruptas de capitais em maus lençóis. A terceira tem, pelos piores motivos, estado no centro das atenções. Assistimos a movimentos em massa de refugiados que não é propriamente o que em regra é associado à globalização de pessoas. Quando as três dimensões cruciais do processo parecem passar por problemas não se pode dizer que o mesmo viva os seus melhores dias.


Tim Taylor, no Conversable Economist, leva-nos a uma peça de investigação do Crédit Suisse que parece encontrar nos rumos da globalização uma alteração de estrutura, mais propriamente na sua dimensão económica. Diz-nos a equipa de investigação do banco suíço que a globalização económica estará a assumir uma natureza muito mais multipolar do que a que tornou possível o aumento sucessivo do rácio “Exportações/Produção Mundial”. Teríamos assim uma globalização multipolar e o indicador que os investigadores mais utilizam como argumento é o enorme crescimento dos acordos regionais de comércio em relação à regulação anteriormente exercida por acordos celebrados no quadro da Organização Mundial do Comércio. A outra evidência utilizada é o contraste entre a persistente globalização dos modos de consumo, de natureza padronizadora pelo menos nos consumos de massa, e o facto do investimento empresarial fora de portas estar a diminuir. Globalizar pelas vendas, sim ao passo que globalizar por via do investimento impõe algumas cautelas e uma melhor ponderação.

Para esta evidência, em meu entender têm contribuído outros fatores de fratura de natureza política, religiosa, étnica, com os quais as três dimensões da globalização não convivem bem.

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