Na entrada do ano, a “The Economist” referia que “um certo número de tendências económicas que têm estado a ferver desde há anos atingirão a plena ebulição em 2016 – e resultarão em algumas vistosas estatísticas”. E um dos exemplos apresentados era o da desigualdade na distribuição da riqueza global, por via da previsão de que a parte daquela riqueza auferida pelos 1% mais ricos da população mundial (que caíra até à crise financeira e vinha aumentando desde então) iria este ano chegar a ultrapassar a parte correspondente aos restantes 99%.
O relatório “An Economy for the 1%”, acabado de publicar por uma reputada ONG de base britânica (a “Oxfam International”, que confedera 17 organizações na luta contra a pobreza e a injustiça), acrescenta alguns elementos relevantes àquela previsão em curso de confirmação. Como decorre dos três gráficos abaixo, o escândalo da desigualdade vai ao ponto de evidenciar os factos de os 50% mais pobres do planeta (3,5 mil milhões de pessoas) apenas deterem 0,7% da riqueza global (contra 50% da riqueza global a ser detida pelos 1% mais ricos), de a riqueza das 62 pessoas mais ricas do mundo (billionaires) ser equivalente à das 50% mais pobres e de esta equivalência ter vindo a revelar-se cada vez mais agressiva nos anos mais recentes (em 2010, as pessoas cuja riqueza seria igual à da metade mais pobre da população mundial eram 388 e só cabiam num avião e já vamos a caminho de uma situação de fim de década em que lhes bastaria uma mera furgoneta).
A toda esta cada vez mais candente questão, e a acrescentar aos muitos estudiosos que têm vindo a problematizá-la, juntaram-se agora dois novos livros com duas ênfases assinaláveis: uma mais analítica, pelo prestigiadíssimo Robert Reich (“Saving Capitalism – For the Many, Not the Few” - “a crescente concentração do poder político numa elite empresarial e financeira que foi capaz de influenciar as regras sob as quais a economia funciona”, por um lado, e “o ciclo vicioso da riqueza e do poder” como uma ameaça ao capitalismo, por outro), e outra algo mais pragmática, por um dos “pais fundadores” da investigação na área e invariavelmente nomeado para Nobel da Economia Anthony B. Atkinson ("Inequality - What Can Be Done?") – recomendam-se...
(cartoon por James
Ferguson, http://www.nybooks.com)
Sem comentários:
Enviar um comentário