terça-feira, 5 de janeiro de 2016

NOVOS PERIGOS MUÇULMANOS?


(Morten Morland, http://www.thetimes.co.uk)

Estamos perante o primeiro novo e potencial grande conflito internacional que rebenta em 2016: o secular confronto entre muçulmanos xiitas e sunitas a encontrar novos pretextos e motivações belicistas na execução pelas autoridades sauditas (sob acusação de promover a intervenção externa no Reino e de desobediência aos seus líderes) do prestigiado e carismático clérigo xiita Nimr al-Nimr (juntamente com 46 prisioneiros maioritariamente sunitas, na maior execução em massa das últimas décadas na Arábia Saudita) e nas consequentes reações de protesto por parte de populações xiitas de vários países, com destaque para o ataque à bomba incendiária e invasão da embaixada saudita em Mashhad, segunda cidade iraniana; ao que de imediato se seguiu a decisão de um corte de relações diplomáticas com o Irão por parte da Arábia Saudita e uma sucessão desencontrada de declarações, acusações, promessas de vingança e tomadas de posição de outros países.


Para além da inultrapassável centralidade assumida pelo problema religioso, e dos inegáveis problemas de contestação interna com que crescentemente se debate o regime salafista da Arábia Saudita, os dois grandes países em questão disputam acerrimamente entre si a liderança geopolítica regional (com o desafiante Irão a apoiar o regime sírio de Bashar al Assad e a combater ativamente o Daech no Iraque) e a orientação estratégica do cartel petrolífero da OPEP (cuja atual política de inalterabilidade da produção em situação de preços baixos é particularmente prejudicial a países mais dependentes, como o Irão). Pode até ser que estejamos apenas perante uma renovada escaramuça, mas também não seria de espantar que – como antecipam muitos jornais de todo o mundo – as tensões pudessem sair de uma desejável margem de controlo...



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